CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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DAQUI – Nos últimos anos, houve transtorno e ainda a preocupação com relação às obras da rede de esgoto. Hoje qual é a situação?
Jilson de Oliveira – Nós temos que conhecer nosso passado para sabermos os próximos passos que iremos dar, principalmente dentro de uma autarquia desta que é o Samae. A rede de esgoto foi implantada ao longo dos últimos quatro ou cinco anos. Algo importantíssimo para a cidade e que contempla 60% da área urbana do município e que tem 5.500 pontos de captação, com 13 elevatórias. Esse processo do tratamento de esgoto funciona precariamente, muitos erros do passado já foram apontados nele, de instalação mal feita e de manutenção. E estamos corrigindo. Estamos chamando a empresa em muitas situações e eles vêm corrigindo. Nós temos alguns postos de visitas (PVs), que em uma situação ou outra extravasa um pouco de esgoto na rua. Isso é devido à má instalação do produto e, em alguns casos, vandalismo. Nós já pegamos em alguns destes pontos até pedras de paralelepípedos. Essa pedra não vai parar lá sozinha. Existe, sim, a preocupação do Samae em fiscalizar isto. Existe a preocupação de orientação para que as pessoas façam a instalação do esgoto de forma adequada, não colocando água da calha, não colocando ligação direto da fossa, e sim direto do esgoto do banheiro. Quem tiver dúvida, que ligue para o Samae, procure orientação. O esgoto é muito importante para a cidade. Foi uma obra de R$ 33 milhões. Uma cidade com esgoto tratado tem melhor qualidade de vida. Estamos cuidando com muita atenção. Estamos colocando nosso pessoal da manutenção, fiscalização e exigindo o que é de direito da empresa Cosatel, que construiu o esgoto, para que, quando tenha algum problema estrutural, venha fazer os reparos necessários.
DAQUI – Nos últimos meses temos ouvido bastante reclamação dos moradores com relação ao abastecimento de água no loteamento Mata Atlântica. Numa das sessões da Câmara, o
ex-presidente do Legislativo, Elói Geraldo (PMDB), ao se manifestar, chegou mencionar que havia possibilidade de sabotagem. Isto aconteceu?
Jilson – Esse assunto da sabotagem numa rede de água é muito delicado. Eu prefiro pensar que não, que não tenham pessoas com capacidade de fazer esse tipo de situação, porque eles também utilizam água. Mas tem uma equipe que, quanto pior, melhor. Não quero falar desse assunto, porque eu acho delicado demais e porque eu penso que as pessoas não teriam capacidade de fazer isto, acho que as pessoas ainda são do bem. Mas especificamente sobre o Mata Atlântica, temos de analisar o grande crescimento da construção civil nos últimos anos. É a mola propulsora da economia, cresceu no país inteiro e não foi diferente no nosso município. Esse loteamento é o grande problema que nós temos hoje de falta de água. Ele foi concebido com 300 lotes e depois foi feito uma parte com mais 600 lotes. Ali o Plano Diretor diz que as construções são multifamiliares, quer dizer que mais de uma casa pode ser construída por lote. E a gente observa que tem sobradinhos que estão em cinco num mesmo lote, tem prediozinho com oito ou dez apartamentos em cima de um lote. A demanda ficou muito maior do que foi programado. Isso ali, do jeito que está, vai chegar a 2.500 casas. Hoje passa de 1.300 em cima de uma parte do loteamento. Não é possível que a demanda de água que atende aquilo ali hoje dê conta. Por quê? O projeto mal feito no passado, por uma situação de interesse pessoal – não sei de quem, também não quero nem saber. Mas, por uma avaliação de rede de água que foi aprovada dentro do Samae e no município erroneamente. Porque um loteamento daquele tamanho, que recebe uma rede de água de 60 milímetros e as que vão para as casas de 35 milímetros, não tem como abastecer a água lá. Ela não consegue dar conta do consumo. Isso foi um erro gravíssimo do passado: aprovar projeto com rede de água fina demais para aquele loteamento. Hoje as consequências estão aí. Mas as consequências de um passado, de uma administração que não cuidou deste assunto. Também não estou aqui para colocar a culpa em administrações passadas, estou aqui para resolver o problema. Só que a resolução desse problema demora, não é imediata. E as pessoas têm pressa. A água tem que chegar na casa das pessoas!
DAQUI - E o que tem sido feito para solucionar este problema do abastecimento?
Jilson – Nós já tomamos as atividades necessárias ali. Fizemos a injeção de água numa rede de 200, para dentro daquela rede de 60. Não foi o suficiente. Tijucas hoje passa pela necessidade de uma reestruturação gigantesca no sistema de água, com um investimento muito grande. O que ocasiona esse problema de falta de água constante no verão é o alto consumo, mas que se agrava pelas redes mal distribuídas na cidade. São 200 quilômetros de rede de água de baixo da cidade. E onde a rede é fina, o problema é fatal. Estamos em contato com o proprietário do loteamento Mata Atlântica, o Pedro Paulo Laus, que já nos confirmou que vai trazer a tubulação de 150 milímetros, vai nos doar para triplicar o volume de água. Acredito que em março ele nos dará este material e o Samae vai fazer a substituição da rede principal, dentro do Mata Atlântica. Esperamos que, com isso, resolva. Mas nós temos outros fatores que são importantíssimos para que a gente previna que não vá faltar mais água lá. Não adianta só colocar tubo mais grosso. E a água? Nós temos que captar mais água para poder tratar.
DAQUI – Há planos para aumentar a captação de água?
Jilson – E aí vem outro problema de falta de investimento no sistema de água, no passado. Nós temos uma captação de água no Itinga, que é uma cachoeira maravilhosa, de água de muito boa qualidade, e captamos uma determinada quantidade de litros por segundo, conforme a outorga que temos do governo do estado. Nós temos uma estação de tratamento de água que consegue tratar até 108 litros por segundo. Essa estação já está deficitária. Ela já teria de ser feita a troca do material filtrante. É feita a limpeza, a manutenção, mas ele já deveria ter sido trocado umas duas ou três vezes. Essa falta de manutenção e investimento é que vem ocasionando os problemas. Como solução disso, nós temos para este ano, já com os projetos em andamento para que a gente possa trazer água para a cidade para resolver o problema de todas as pessoas nos próximos 30 anos, o projeto para instalação de uma estação de tratamento de água compacta. Já estamos em negociação com o terreno, lá mesmo na Itinga, onde uma tubulação irá pegar água do rio. E essa água nós vamos trazer, tratar e deixar pronta para o consumo. Vamos trazer mais de 100 litros por segundo. E aí nós vamos atender todas as necessidades que as pessoas têm por um período de mais 20 ou 30 anos. Passa por essa adequação e também pela necessidade de trazermos uma rede nova da cachoeira da Itinga pela estrada, uma rede de 400, que irá trazer um pouco mais de água. Trazer pela estrada e tirar de dentro das propriedades particulares, onde às vezes elas rompem e temos dificuldade para descobrir ou ter acesso, o que ocasiona uma série de problemas. Vamos fazer a substituição dessa rede, para trazer mais água. O que temos e o que estamos fazendo, no momento, são as adequações necessárias para que a gente consiga passar por este período de verão, onde o consumo de água triplica. Estamos instalando mais um motor na Itinga, para que, nas horas de pico, consiga colocar água na caixa para suprir a necessidade.
DAQUI – Às vezes, para solucionar um problema em um ponto da cidade, todo o município fica sem água. Há como mudar isto?
Jilson – Sempre lamento por não termos a situação necessária para desligar o abastecimento só em alguns pontos. Porque o registro que nós temos fecha a cidade toda. O Samae está tão deficitário e tão arcaico que está dessa forma. Quando acontece um problema, temos que correr lá na Itinga, desligar a água da caixa, o que faz com que falte água na cidade toda. Isso é impossível de aturar. É um investimento muito grande? É! Os registros custam valores altíssimos, mas somos obrigados a colocar isto para não deixar a população sofrendo. O problema que nós temos é o Mata Atlântica. E nós vamos resolver, mas o que acontece é que parece que está faltando água na cidade toda. Essa semana a máquina rompeu a rede ao lado do antigo Besc. Fechamos na Itinga. O que acontece? A vazão de água da tubulação se vai e até repor essa água em 200 quilômetros de tubo, até chegar nas casas, dá sérios problemas. Dia desses a Água de Bombinhas rompeu a tubulação lá na Joaia, lá tivemos que fechar de novo, só que foi mais rápido.
DAQUI – É importante que o Samae esteja aliado às novas obras da cidade. Isto tem sido uma preocupação?
Jilson – Na rua do Besc nós fechamos para poder ligar o registro na rede que passa na rua principal, para poder rebaixar aquela rede de água para que a prefeitura possa fazer o asfalto em cima. Também vamos fazer agora, num futuro próximo, uma rede de água nova em toda a rua da beira rio, da ponte da Joaia até na Praça. Nós temos uma rede de água ali com mais de 40 anos. Se nós botarmos o asfalto em cima é a mesma coisa que botar o dinheiro fora. Vamos
começar na base: água, esgoto, esgoto pluvial, vamos refazer estes pontos para não gastar novamente, cortando o asfalto com manutenção. Já vamos fazer novo para prevenir, e já com registro de água para que, quando precisar fechar, fecha só uma rua ou uma quadra, para não enfrentar o problema que enfrentamos hoje. Os investimentos vão ser feitos e nós vamos resolver os problemas de água na cidade.
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