CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
Em entrevista ao jornal DAQUI, o prefeito de Tijucas, Eloi Mariano Rocha (PSD), fala sobre o primeiro ano da administração, que começou com o forte lema – trazido da campanha eleitoral – de instalar a mudança. Eloi fala sobre os desafios do primeiro ano e as ‘heranças’ da administração passada. Segundo ele, 2018 deve ser um ano em que muitas obras planejadas serão executadas e, ainda, assegura que, este mês, deve pensar em mudanças nas secretarias – que não estariam deixando a população contente.
DAQUI – O primeiro ano de mandato passou. Como o senhor avalia este período? Conseguiu realizar tudo que planejou?
Eloi – O primeiro ano foi muito complicado! Foi difícil pela situação econômica, não pegamos a prefeitura como deveríamos ter pego. Não foi fácil, mas tomamos medidas, aglutinando as secretarias, não preenchendo os cargos comissionados, economizando 30% da folha. Esta foi a primeira iniciativa. A segunda foi buscar recursos. Além dessa fragilidade econômica, o prefeito buscou, dentro do seu meio político e amizades, recursos, indo para Brasília por três ou quatro vezes e voltando com bons resultados. Fizemos um planejamento de execução para mudança da cidade. Diante deste planejamento, conforme aconteceu o equilíbrio econômico, o que nós tínhamos aglutinado as secretarias, vimos que era humanamente impossível atribuir a um secretário a união de algumas áreas, como por exemplo Agricultura, Pesca, Meio Ambiente, Indústria, Turismo e Comércio. Conforme foi acontecendo o equilíbrio econômico, conseguimos dar esta qualidade maior ao atendimento às pessoas, com mais eficiência. A última que fiz isso foi a Fundação Municipal de Esportes, onde, não só já nomeei o novo superintendente, como também, preenchi mais um cargo, por saber que existem vários planos para este ano e que o planejamento é de ampliar o atendimento, levando oficinas esportivas a todos os bairros do nosso município. Na Cultura já tivemos várias promoções, mas vamos inserir outras em nosso calendário. É muito forte em nosso município as trilhas de moto, que atraem muita gente. Então, pretendemos colocar trilhas no nosso calendário, como as corridas também, passeios ciclísticos e outras modalidades para ocupar e dar mais lazer à nossa cidade.
DAQUI – O novo ano será bom para o desenvolvimento econômico daqui?
Eloi – Na Indústria e Comércio, o que mais se vê aqui são as instalações de empresas. Devemos ter, em 2018, muitos empregos. E para 2019, nem se fala. Está previsto o shopping outlet em Tijucas, fora os empregos que já conquistamos no outlet de Porto Belo, no Fort Atacadista e na Havan. Vamos ter vários empregos, mas estamos também preocupados em capacitar a juventude para que entrem qualificados no mercado de trabalho. Isso tudo já foi planejado.
DAQUI – Quais as obras previstas para este ano?
Eloi – Em obras, teremos a revitalização da cidade que povo tanto pediu. Temos várias ruas já projetadas, que serão asfaltadas. Já iniciamos em 2017, mas em 2018 não irá parar. Temos que diminuir os buracos, o que a gente não consegue. Todo mundo sabe que é um problema crônico, que já buscamos empresas em caráter emergencial, mas cada tempestade, cada chuva parece que os buracos surgem. Eu vejo que hoje temos que tubular, como estamos fazendo, como fizemos na Hercílio Luz e na entrada da cidade, mas também asfaltar. Além disso iremos fazer as calçadas padrões nas laterais e cada metro de asfalto será trocado a iluminação pública por lâmpadas de LED. O foco é obras, mas temos o Samae, que hoje tem o problema seríssimo que enfrentamos no Mata Atlântica com falta de água, onde várias pessoas vieram conversar e que a gente conseguiu resolver em caráter de emergência. Está resolvido, ninguém reclama. Mas não é o suficiente. Nós vamos investir muito, vamos aumentar a capacidade de água para que daqui 20 anos não tenhamos problemas, a exemplo do que fez o ex-prefeito Bebeto (Carlos Humberto Ternes – PMDB). Já está na hora de, nesta administração, olharmos Tijucas de forma diferente e nos prepararmos para o futuro. Nós vamos melhorar o abastecimento de água. O primeiro investimento acontece em fevereiro, quando vamos instalar cinco quilômetros de tubos maiores do que os atuais, da Joaia até a Praça. E posteriormente nós vamos asfaltar a beira rio, que tanto a população pede.
DAQUI – Falando em obras, uma reivindicação que o senhor colocava entre as suas prioridades é a recuperação da ponte Bulcão Vianna. Ela sai este ano?
DAQUI – Estudamos em 2017 esta grande obra que é a ponte Bulcão Vianna. Nós não vamos mais restaurar a ponte. Temos como exemplo a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, que se restaura há tanto tempo e não tem utilidade, a não ser o de ser um cartão-postal. Hoje, nós não podemos fazer da ponte Bulcão Vianna um cartão-postal. E sim uma ponte resolutiva. O que vamos fazer? Contratamos uma equipe de engenheiros, estão fazendo um estudo, que deverá ser concluído final do mês para, em fevereiro, ir para licitação e devemos construir uma ponte nova no mesmo local, com o mesmo estilo, no mês de março. Será uma ponte nova! E dentro daqueles padrões históricos da Bulcão Vianna. Está projetado para 2018.
DAQUI – E para as comunidades do interior, estão previstas obras?
Eloi – O que o nosso povo pede no interior é realmente a melhoria nas estradas. E isto nós já conseguimos em 2017, fazendo aberturas das estradas. Mas não é suficiente. Conforme promessa do prefeito, nós vamos, sim, colocar alguns quilômetros de pavimentação – seja asfáltica ou lajota – no interior, inclusive um dos acertos com Água de Bombinhas, que vai levar do rio Tijucas (e não das cachoeiras, que ainda é patrimônio nosso) a água, vai asfaltar a estrada do Porto do Itinga, até no campo, como contrapartida. E como vai atravessar a P4, a obra de transposição, Bombinhas se prontificou a asfaltar 1,2 km da P4. Além da restauração da rua Nova Trento, por onde vai passar a tubulação. Isso tudo para começar este ano. Um pedido forte também para este ano e que o prefeito vai fazer é a pavimentação da rua Geraldo Rebelo, a conhecida rua das Carreiras, que é um pedido dos nossos vereadores e que o prefeito se sensibilizou. Temos ainda o bairro da Praça, onde vai acontecer um dos maiores projetos de Tijucas, que vai ser a instalação do Complexo Náutico. Estive em reunião recente com uma arquiteta da Espanha, que apresentou o calçadão da nossa orla. A marina TMC se comprometeu a fazer até na altura da rua Petronílio Ávila e o prefeito ganhou o projeto da arquiteta para buscar recursos para fazer o nosso calçadão no querido bairro da Praça, com passeio, área para patins e ciclismo. E tem também o compromisso de pavimentar todas as ruas do bairro da Praça. Um detalhe também, já autorizado pelo prefeito, é cercar de rede e fazer um bom campo para voleibol naquela área de lazer em frente ao cemitério, promovendo alguns campeonatos ali depois de dar estrutura para aquela área. O mesmo vai ser feito na praia, com uma quadra lá para termos tardes de lazer.
DAQUI – No primeiro ano do mandato foi muito necessário a articulação política para resolver assuntos polêmicos, como foi o caso das mudanças feitas pela Autopista Litoral Sul das marginais da BR-101, a instalação da penitenciária industrial aqui e a possível vinda do chamado lixão na Nova Descoberta. Esta demanda por articulação atrapalhou o trabalho da administração?
Eloi – Por isso que eu digo que 2017 não foi um ano difícil apenas economicamente. A Autopista teve autorização para fazer o que fez, pela administração anterior. Então era difícil reverter, tivemos que ir a Brasília, envolver alguns políticos e deu certo. E isso tem que se agradecer ao potencial de um tijucano, que fez um projeto que convenceu eles de que era melhor do que o deles, que foi o arquiteto Romeu. Agora, após ter feito audiência pública, vamos eliminar aquela fila embaixo da ponte. A outra situação foi a Imacol, que também tivemos a autorização para fazer mão dupla, mas a comunidade preferiu usar a rua de trás, que a gente abriu, dando certa segurança. O Ecoparque, o chamado lixão, já estava praticamente definido. Mas a população disse que não queria e o prefeito foi solidário. Conseguimos. Já a penitenciária é a que foi mais difícil. Até a própria empresa que ganhou esta ordem de serviço esteve aqui, que ia construir no valor de R$ 46 milhões. Eu resisti. Tivemos a audiência que deu muita gente. Não criticando o nosso governador Raimundo Colombo (PSD), que depois a gente conversou pessoalmente... Não posso garantir que a penitenciária não saia. Não posso garantir! Mas a verdade é que estamos no mês de janeiro e a gente conseguiu prorrogar uma ordem que já estava definida, a ordem de construção. Isto é muito importante a população saber. Não paramos, estamos trabalhando, mas não posso dizer se sai ou se não sai. Quanto à penitenciária, ainda é duvidoso. Mas o prefeito tem muita esperança que eles vão partir para outro lugar, porque Tijucas já contempla com um presídio. Em 2017, lutamos e brigamos muito para que estas coisas que a gente herdou fossem banidas do município.
DAQUI – Nas secretarias é normal que ajustes sejam feitos ao longo da administração. Hoje, existem pastas que o senhor não esteja satisfeito com o funcionamento? Tem alguma mudança de secretários prevista?
Eloi – Ainda vão acontecer algumas mudanças, não estão todas em pleno vapor. Não posso dizer que estão definidas. Eu tenho o mês de janeiro para fazer algumas mudanças em alguns setores que não estão agradando a população. Mas isso é uma coisa interna que a gente vai pensar, vai discutir. Faz-se necessário, de acordo com as exigências da população, e a gente vai adequar.
DAQUI – Ano passado, no Legislativo tiveram críticas ferrenhas lançadas pela oposição à administração e, por vezes, de cunho pessoal. Como o senhor pretende garantir a boa relação entre a prefeitura e a Câmara ao longo deste ano?
Eloi – A oposição sempre vai existir. Eu já fui oposição por dois mandatos, fui situação também. Queria estar sempre na situação, porque oposição é muito fácil. É muito fácil falar, mas quando se entrega a caneta para tomar o lugar, a coisa muda! E falar, a população já está cheia. Tem que ter resolutividade. Parte mais do Legislativo estar próximo ao prefeito, porque o prefeito pode acatar os pedidos. Não tenho diferença com nenhum dos vereadores. Até porque uma das filosofias do prefeito é acabar com a politicagem. A politicagem que deixou Tijucas no estado que ela está. E isto a população sabe! Basta comparar com outros municípios. Ainda existem vereadores com a cabeça de ‘quanto pior, melhor’. Mas eu vejo que isso já mudou muito. O que importa hoje para o administrador é o trabalho. A política vem com aquilo que se faz. Se daqui três anos a população achar que o professor Eloi merece outra oportunidade, ele estará à disposição. Se não achar, vamos buscar outro candidato.
DAQUI – Este é um ano de eleição estadual. Quais as expectativas do senhor para este ano?
Eloi – Meu partido é o PSD e eu tenho que lutar pelo PSD. Se a gente tem o governo, tem a facilidade de entrar, conversar, ligar... Mas se ganhar a oposição, o prefeito vai continuar fazendo o mesmo trabalho, claro que com mais dificuldade. Estamos otimistas de que o projeto para Santa Catarina é muito bom. Mas política depende do fato de agregar. Hoje eu não posso dizer que já está agregado, definido. Temos vários candidatos... E candidatos bons. Como o Gelson Merísio, o João Rodrigues que se acha no direito, temos Espiridião Amin... E também do outro lado tem pessoas capazes. Porque não é o partido que garante o desenvolvimento, e sim o candidato e a intenção dele. Para mim, claro que quero o meu partido, mas se não acontecer, vamos administrar da mesma forma.
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