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Um ano após o tratamento do câncer de mama, Morgana retornou às quadras
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Era 16 de dezembro de 2015 quando a assistente social Morgana Ferreira Brinzin, na época com 35 anos, entrou em quadra para disputar a final do Campeonato de Vôlei de Duplas de Tijucas. Ao contrário da gana pela vitória que havia demonstrado em partidas anteriores, especialmente naquela noite, parecia estar dispersa. A diferença era perceptível para quem assistia. Não era a mesma. Acabou ficando com a medalha de prata. Ninguém sabia, só ela: fazia dois dias que tinha sido diagnosticada com câncer de mama. Naquela partida, silenciosamente, só pensava em outra vitória. Precisava vencer a doença.
Morgana é mãe de duas filhas. Estava disposta a engravidar novamente e, para isso, foi realizar exames de rotina. Foi aconselhada a, ao menos uma vez no ano, fazer o autoexame da mama. Fez. E notou algo estranho. Foi até a clínica em que a própria mãe trabalhava realizando a mamografia nas pacientes para fazer o exame. Logo recebeu o diagnóstico. Estava com câncer de mama.
“Foi como se tivessem me dado uma sentença de morte. Depois de saber o resultado, quando deitei na cama, parecia que não tinha ar. Pensava ‘o que vai ser das minhas filhas?’. Naquela hora só sentia o desespero”, recorda. Contudo, determinada como sempre foi, resolveu encarar a doença com a mesma competitividade de quem luta por um troféu. Neste caso, só a vitória interessava. Perder não era uma possibilidade.
Em seguida ao diagnóstico, foi marcada a cirurgia. Foi para o centro cirúrgico sem saber se precisaria fazer toda a retirada da mama – avisada de que este procedimento só seria necessário caso os dois nódulos no seio fossem malignos. Só descobriu que eram quando acordou da operação. “Foram vários medos, várias fases difíceis. No começo, uma das preocupações era que a doença estivesse em mais alguma parte do meu corpo. Depois, todo o medo do tratamento, principalmente por não saber o que viria pela frente”, lembra Morgana.
De todas as angústias, a queda do cabelo foi a situação que pareceu a deixar mais abalada. Viu despencar com os fios de cabelo a autoestima. “Mas foram em momentos como este que vi que só seria possível encarar e superar tudo isso com o apoio da família, dos amigos e muita fé em Deus”, destaca, lembrando que, o tempo todo, colocava na cabeça que tudo iria acabar bem e logo.
FORÇA DO ESPORTE
Apaixonada por exercícios físicos e, mais ainda, pela prática do voleibol, Morgana teve no esporte um aliado para se sentir viva e determinada a ultrapassar os obstáculos. Acompanhava alguns jogos e, de fora da quadra, sonhava com o retorno. Durante a quimioterapia, notava que o corpo não era mais o mesmo. Pensava se seria possível jogar com o mesmo vigor de antes. Mas a incerteza só fazia com que, cada vez mais, quisesse mostrar que conseguiria vencer.
Um ano depois de ter sido diagnosticada com câncer de mama, Morgana voltou aos treinos. “O vôlei foi, para mim, uma saída. Quando jogo, esqueço tudo que passei com a doença e tudo que ela fez na minha vida”, garante. Hoje, Morgana ainda precisa tomar medicamentos – que devem se prolongar por mais quatro anos. No entanto, voltou ao preparo físico. Sempre que pode, está em quadra. E segue colecionando vitórias.
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