Gustavo ganhou seu primeiro instrumento musical aos sete anos. Há dois anos, foi medalha de ouro em natação no Parajasc.
Ana Maria Veiga
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RAIO-X
Gustavo Simas
21 anos
Gustavo é deficiente visual e já nasceu sem a visão.
Ativo, ele trabalhou em uma rádio, foi campeão de natação e ama música.
Seu próximo desafio é entrar para um conservatório de música.
O jovem Gustavo de Simas, de 21 anos, não enxerga, mas usa outros sentidos e leva uma vida ativa e cheia de alegria. Ele ama música e vive conectado – na internet, participa ativamente das redes sociais. Inteligente e determinado, atualmente faz cursos para ganhar cada vez mais autonomia e independência.
Sem a visão e com outros sentidos aguçados, Gustavo desde pequeno já demonstrava amor pela música. “Quando criança eu fazia batuques na mesa, batia e cantava. Ganhei meu primeiro instrumento de percussão aos sete anos, um bongô. Tenho ele até hoje”, lembra. Depois, passou também a fazer aulas de violão e outros instrumentos até se encontrar na bateria. “Amo o som e faço aulas há três anos”.
O fato da bateria ser um instrumento complexo não intimidou Gustavo. “No começo fui muito questionado. As pessoas perguntavam como eu iria tocar um instrumento com tantas peças. Mas eu aprendi a lidar e hoje está dando tudo certo”, comemora. Para seguir o sonho e a carreira de músico, Gustavo estuda para uma prova no final do ano que dá vaga a um conservatório de música.
Além da música, o jovem de Tijucas já se aventurou por outras atividades. “Fiz natação por muito tempo e pretendo voltar. Há dois anos participei do PARAJASC e consegui a medalha de ouro nos 100 metros livres. Foi maravilhoso”. Bem-humorado e com excelente oratória, Gustavo conta que faz parte da Associação Catarinense para Integração do Cego e que faz diversos cursos para facilitar as atividades da vida diária.
Sem espaço para reclamação
A internet é outro meio de integração para Gustavo. Ele usa um programa no computador que permite a utilização. “É um programa por voz. Uso no computador e o meu celular também tem acessibilidade. Estou no facebook, no WhatsApp e adoro redes sociais”, revela.
Apesar de bem integrado, Gustavo ainda percebe uma barreira que a deficiência causa. “Eu acredito que sinto menos por estar bem inserido. Mas as vezes acontece preconceito. Ele é mais velado. A pessoa não confia em você para determinada atividade, mas alega outro motivo. Eu vou superando. Isso não acontece apenas com pessoas com deficiência. Há ainda o preconceito de gênero, de sexualidade, racial...”, desabafa.
Por já ter nascido sem a visão, ele não lamenta falta do sentido. “Eu nasci e fui me adaptando a este mundo. Quem perde a visão depois de adulto tem a sensação do luto. Hoje eu tenho a segurança de dizer que não tenho mais vontade de ter a visão”. O essencial é invisível aos olhos...
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