Paloma é criada sozinha pelo pai desde os nove meses de vida
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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“Ele é brincalhão, né pai? Chato não é... Só às vezes, né pai?”, assim Paloma define o pai, sempre dando aquela olhadinha para ver se recebe a aprovação. “O que eu mais gosto nele? A comida que ele faz”, responde, sincera. Sempre com troca de olhares e de sorrisos. Ela sabe que há muito mais coisas que ama nele. Os dois sabem.
Paulo Roberto de Moraes Martins, hoje com 56 anos, já percorreu muitos lugares antes de parar em Tijucas. Tinha uma vida quase nômade, junto com circos e parques. Mas, há quase duas décadas parou por aqui. Foi a paternidade que o segurou. Há 19 anos, nascia a primeira filha. Foi prematura. Com seis meses, teve falta de oxigênio durante o parto e sofreu uma paralisia cerebral. Ficou três meses internada até ganhar peso suficiente e poder voltar para casa.
“Na época, eu era garçom. Quando ela tinha uns nove meses, a mãe não quis mais. Foi embora! E desde então, somos nós dois”, conta Paulo. Na época, morava de aluguel. Precisava pagar creche para que a menina ficasse enquanto ele trabalhava. Conseguiu. Após um tempo, lembra que recebeu ajuda para comprar a casa própria, no bairro da Praça. Em seguida, adquiriu um carrinho de pipoca para sair vendendo pela cidade. Depois, também o de churros. Até hoje trabalha com isto para garantir o sustento.
Paloma estudou no colégio Dom Bosco, depois na escola municipal Walter Vicente Gomes e, conciliava, com as idas à Apae da cidade – onde permanece. Paulo sempre fez questão que ela estudasse. “Ser pai mudou a minha vida. É coisa de sangue, difícil explicar. Passamos por momentos complicados, mas superamos juntos”, comenta.
Certa vez, sem ter com quem deixar a menina entre a volta da escola e a ida para casa, ele a levava junto para o trabalho pelo período de uma hora. Alguém o denunciou. Foi chamado no fórum para desfazer o mal-entendido. Mas depois disso não a levou mais. “Ela gosta de passear. Sempre que posso, saímos juntos. Levo sempre para as festinhas que têm por aqui”, destaca o pai.
Além de Paloma, ele tem Ana Clara, de nove anos. Não moram mais juntos, mas são praticamente vizinhos. “Nas vezes em que preciso que ela fique aquele período de uma hora com alguém, a mãe da minha caçula fica. É importante este apoio”, salienta. Nestes 19 anos,
para Paloma, Paulo é tudo. “A mãe dela se afastou de vez. Mora em Tijucas, mas se ela ver, nem sabe quem é”, diz. Contudo, pela cumplicidade que pai e filha demonstram, vem a confirmação de que os dois se bastam. O amor paterno mostrou que tem força.
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