Tão logo a doença no pulmão foi descoberta, já começou o tratamento
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
[email protected]
A primeira vez que vi dona Osmarina, ela segurava um quadro em que, escrito em giz, mostrava o que gostaria de ganhar de natal: tinta preta para cabelo e condicionador. Resolvi, então, que seria o padrinho daquela senhorinha vaidosa do lar de idosos de Tijucas. No dia da entrega dos presentes, lá estava ela com uma trança bem feita e uma toalhinha na mão – que usava para conter uma tosse que a incomodava havia dias.
Dois meses depois, encontro Osmarina com visual diferente. Sou chamado ao Lar Santa Maria da Paz porque a minha afilhada do último natal (que apenas queria produtos para cuidar das longas madeixas escuras) estava careca. A tosse, que reclamara dois meses antes, era mais grave do que ela imaginara. Está com câncer no pulmão. Iniciou o tratamento e, de início, perdeu todo o cabelo.
Osmarina não tem parentes. Vive no Lar há quase três anos
Osmarina Dias está para completar 74 anos no mês que vem. Vive no Lar Santa Maria da Paz há quase três anos. Ainda sente falta de hábitos que tinha na rotina fora da instituição. Não acostumou com cardápio e nem com horários, mas entende que estar ali era a melhor opção. “Tento passar o tempo fazendo meu crochê ou vendo televisão”, conta, enquanto abre um parênteses para soltar, entre riso contido e olhar confidente: “adoro o Silvio Santos!”.
De família de agricultores, Osmarina viveu em várias cidades de Santa Catarina. Começou cedo a trabalhar na roça com o pai – no entanto, foi escondido dele que, aos 13 anos, começou a fumar palheiro (só parou agora, ao descobrir a doença no pulmão). Ainda nova, tentou um relacionamento. Morou junto. Por pouco tempo. Tinha 20 e poucos anos quando, independente, mudou para o interior de Tijucas.
Foi na Itinga que viveu até antes de entrar para o Lar. “Morava com uma colega. Só que eu fiquei doente e ela também, não tinha como ela cuidar de mim. Sinto falta, mas sempre que dá ela vem me visitar”, comenta, destacando que a velha amizade lá do interior foi o que restou de família. De sangue, não tem ninguém.
DOR E LUTA
No fim do ano passado, não era apenas a tosse que incomodava Osmarina. Além da dificuldade para respirar, mal conseguia dormir. Conta que a dor era tanta que, dependendo de como deitasse na cama, não suportava. Em janeiro foi ao médico, fez exames e descobriu o câncer no pulmão.
Começou então o tratamento, há poucos dias. Nas primeiras quimioterapias, achou que o pior aconteceria. “Pensei que ia morrer. Fiquei fraca, queria pedir água e não conseguia”, lembra. Por ter passado mal, não conseguiu completar duas sessões da quimioterapia. Mas parece já ter vencido mais esta dificuldade e, na última sessão, conseguiu concluir o procedimento.
Sobre as dores, questiono: “já aliviou?”. Ela concorda, com uma daquelas interjeições tipicamente tijucanas, que traduziria num ‘muito’ ou ‘com certeza’. Está confiante e determinada a superar mais este obstáculo. Sorri. Se num ato de esconder a tristeza, não sei! Sei que ela sorri outras tantas vezes. E retribuir o riso é inevitável.
QUER AJUDAR O LAR?
Uma das possibilidades de ajudar todo mês a custear as despesas fixas do Lar, como sócios, é se cadastrar para fazer doação pelas contas de água ou luz. Para isso, só entrar em contato com a entidade no telefone (48) 3263-1176 e se cadastrar.
QUER AJUDAR DONA OSMARINA?
Durante o tratamento, ela precisa de alguns alimentos diferentes daqueles que o Lar Santa Maria da Paz possui na despensa. Quem puder colaborar com algum dos itens, pode entrar em contato com a instituição.
Conforme informação da nutricionista que faz o acompanhamento dos idosos, Osmarina precisa:
- Frutas (ameixa, uva, pêssego, mamão e manga);
- Torrada salgada;
- Broa de milho;
- Rosca de polvilho salgada;
- Queijo colonial;
- Suco de pêssego e manga;
- Gengibre.
|