Torcedores lotam Arena Condá em comovente homenagem as vítimas
Ana Maria Veiga
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Já havia ido a Chapecó outras vezes, sempre a trabalho. Nessas oportunidades, sempre me chamou atenção o quanto a cidade era fanática por futebol e abraçava o time da casa, a Chapeconese. Quando soube da tragédia com o avião, sabia que a cidade estaria em luto.
Chegamos em Chapecó na quinta-feira, dois dias após o acidente envolvendo o avião da Chapecoense. O céu limpo e sol forte não eram capazes de amenizar a melancolia da cidade. No caminho do aeroporto até o centro da cidade, faixas, cartazes e fitas verdes e brancas nas casas e vitrine das lojas lembravam a tragédia que aconteceu. A cidade estava em luto.
Nos restaurantes as televisões estavam ligadas no noticiário. No rádio, o assunto não era outro. Pelos celulares, pessoas se atualizavam das últimas notícias vindas da Colômbia. Aquela altura não estava definido dia e horário do velório. A incerteza aumentava a agonia. “Estou muito abalado. Eu conhecia cinco pessoas que estavam naquele vôo. Os jogadores vinham almoçar aqui, iam à padaria... A relação deles com a cidade era muito próxima”, conta Olavo Jacir Chaves, garçom e torcedor da Chape.
Na sexta-feira muitos torcedores deixavam homenagens e faziam vigília na Arena Condá. As famílias das vítimas e jornalistas de todo mundo lotavam os hotéis da cidade. Mesmo assim, havia um clima de feriado em Chapecó. Muitos comércios fechados e a cidade parecia deserta. “Está todo mundo sem clima por aqui. Vai demorar muito para recuperarmos a alegria de antes”, afirma Chaves.
Tristeza em todos os cantos
No sábado pela manhã Chapecó acordou chorando. A chuva aumentava no decorrer do dia. Pelo saguão do Hotel, familiares das vítimas partiam – chorando – para o velório coletivo. A primeira cerimônia foi no aeroporto. Puderam entrar na pista de embarque apenas familiares, autoridades e poucos jornalistas. Muitas pessoas acompanharam a chegada dos corpos no café do aeroporto, pela televisão, ou olhando pela janela que dava vista à cerimônia. Solange de Souza, 33 anos, não conhecia nenhuma das vítimas. Mesmo assim, não conteve o choro. “Eu já perdi um ente querido e sei o quanto a solidariedade de outras pessoas nos confortam nesse moemento”
Família de Tijucas perde primo na tragédia
A ex-secretária de Cultura de Tijucas e atual responsável pela defesa civil do município, Adriana Porto Faria, perdeu um primo na tragédia. “Fui com minha família ao velório. Muito triste. Cada família ajudou com ajuda de um psicólogo.”, conta. O advogado Ricardo Philippi Porto, 46 anos, era professor universitário e diretor jurídico da Chapecoense. “ Ele era doente pelo time. Uma semana antes do acidente ele esteve aqui em Tijucas. Visitou um tio e a vó”, revela Adriana. Ricardo era divorciado e tinha dois filhos.
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