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01 de Dezembro de 2016 - 17:34:43

A última batalha na luta contra o câncer

“A doença é muito assustadora, mas com força de vontade e fé em Deus você consegue”
 
 
A última batalha na luta contra o câncer

Indianara Laurindo foi sepultada no último dia 25 de novembro, no cemitério municipal de Tijucas. A missa de sétimo dia acontece amanhã, às 19h30, na igreja matriz.

 

 

CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA

[email protected]

 

“Bom, hoje é mais um dia para agradecer. Agradecer pela matéria do jornal Daqui do meu amigo que ficou linda e dizer que não dei a entrevista para me aparecer, porque só ele sabe o quanto eu enrolei para fazer, não é? Mas sim para que sirva de exemplo para muitas pessoas.

A doença é muito assustadora, mas com força de vontade e fé em Deus você consegue. Claro que sozinha não teria força suficiente para chegar até aqui, conto com o apoio da minha família, dos amigos, do meu namorado (que está sendo meu alicerce, que me atura nas piores fases) e da família dele que fazem de tudo para me ajudar. Obrigada família, serei eternamente grata por Deus ter me dado vocês, quando muitos me deixaram de lado.

Família amo muito vocês. Eu quero dizer que muitas vezes pensei em desistir, mas o amor que sinto por vocês me fez continuar na luta. Se sou guerreira, dedico a vocês – em especial ao meu pai e minha mãe, que mesmo doente deixam as coisas de lado para estar comigo. E os irmãos, tenho os melhores.

As pessoas que estão na mesma situação, tenham fé e força de vontade. O tratamento é árduo e longo, mas chegamos lá!”

INDIANARA LAURINDO, escrito em 27/10/2016

 

Quando novembro começou, Indianara continuou no sonho de construir o próprio lar. Pensou em como mobiliar o apartamento que comprou com o namorado. E no primeiro domingo do mês, foi às compras: nas sacolas, voltou com utensílios para a cozinha que sonhara. Não via a hora de ter todo o apartamento mobiliado. Um sonho comum a muitas pessoas. No entanto, para ela, representava uma das formas de se manter esperançosa e lutar pela própria vida. Há quatro anos, havia começado a luta contra o câncer.

Com 29 anos de idade, Indianara teve de se distanciar de alguns planos, deixar alguns desejos pelo caminho e aprender a conviver com a doença, enquanto seguia fazendo tratamentos na busca pela cura. Em 2012, quando descobriu o câncer, estava na mama e com metástase no fígado. Por fim, há um ano, também no cérebro. Guerreira, não perdia as esperanças e procurava não lamentar. Guardava o sofrimento para si. Teve um outubro difícil. Mas queria acreditar que o novo mês seria diferente: “que novembro chegue cheio de bênçãos”, postou numa rede social.

Pouco depois de ter feito compras para o novo apartamento, a dor a derrubou. Desta vez, de tão forte, conseguiu superar a resistência da guerreira que preferia esconder as próprias angústia. Foi, então, levada para o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis. Passou a tomar morfina para aguentar a dor – que dizia ser mais concentrada nas costas, mas que atingia todo o corpo. Voltou para casa, onde seguia medicada.

A dor só aumentava. O silêncio de antes, dava lugar a gritos. Foi levada novamente para o Cepon no dia 11. Desta vez, ficou internada. Pela manhã, foi atendida pelo médico que a acompanhava no tratamento. À tarde, num fim às esperanças de cura, passou a ser cuidada por uma equipe médica que age com medidas paliativas – não mais pela cura, mas para amenizar a dor.

Dali, após quatro anos de batalha contra o câncer, Indianara teimava em lutar (quando o próprio corpo não mais aguentava). Primeiro perdeu o movimento das pernas. Depois a visão. Por fim, a audição. Os momentos de consciência ficaram cada dia mais raros. Tinha delírios. Em alguns momentos voltava no tempo, como quando começou a planejar a própria festa de 15 anos. Mesmo nos momentos de devaneios, seguia agarrada a planos e sonhos.

24 DE NOVEMBRO

Durante todas as fases de tratamento, Indianara sempre dizia que procurava ser forte para não preocupar a mãe. Quando piorou, desabafou que não queria que a mãe estivesse presente, caso ela falecesse. Não queria estar com ela quando a batalha chegasse ao fim.

No Cepon, havia um revezamento para acompanhar Indianara. Geralmente, a mãe estava por lá. Mas foi no dia 24 de novembro, quando a acompanhante era uma tia, que chegou o momento de partir. Como se ela pudesse ter dito “agora é o momento”, esperou a passagem da médica, pela manhã. Depois, tomou banho. E só quando a tia foi buscar um café, sozinha no quarto, permitiu que a batalha acabasse. Era chegada a hora de descansar.

 

 

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