Denúncia da venda de certificados foi feita pela RBS TV
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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A secretaria municipal de Educação de Tijucas investiga a denúncia de que professores da cidade estariam entre os que compraram certificados falsos de cursos de aperfeiçoamento e qualificação profissional para conseguirem melhores classificações nas provas de ACT (Admissão em Caráter Temporário) ou ainda, nos casos dos efetivos, a elevação no nível salarial pela progressão de carreira.
Reportagem exibida pela RBS TV denuncia a venda de certificados – com carga horária e temas a serem escolhidos pelos compradores, de acordo com o interesse – para que professores da rede pública consigam aumentar as notas nas provas de ACT ou mesmo elevar o nível salarial, no caso dos efetivos, com os supostos cursos de aperfeiçoamento. A equipe de reportagem comprou dois certificados para comprovar a fraude. Os títulos foram entregues ao Ministério Público de Santa Catarina, que instaurou inquérito.
Quando um professor participa de um processo seletivo para a contratação temporária, precisa realizar duas provas: uma escrita e outra de títulos. Quanto mais certificados, mais eleva a pontuação. Ao final, os melhores posicionados têm, entre outros benefícios, o direito de escolher qual escola trabalhar, quais turmas e qual o horário. Em uma das vendas gravadas pela equipe de reportagem, o professor que oferece certificados falsos diz: “agora eu vou a Tijucas, vou fechar um grupo lá”.
Por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, a secretaria de Educação informa que está fazendo um levantamento no departamento de Recursos Humanos (RH) para saber todos que apresentaram certificados das empresas denunciadas. E que, após esta verificação, será aberto processo administrativo para apurar mais detalhadamente cada caso e decidir quais medidas tomar.
PROFESSOR DE TIJUCAS ENVOLVIDO
- Chegando em casa eu te ligo, que agora eu vou a Tijucas, vou fechar um grupo lá. Aí te mando por e-mail e mando as opções que têm na área de Educação Física, escolhe um código ali e aí a gente fecha direitinho. Quando eu te entregar o certificado eu recebo. Tu precisa de uma carga maior, ou 100 horas é suficiente? Essa prova de títulos lá não pontua com mais? Que eu consigo até 250 horas.
O repórter, então, compra o de 250 horas. Quem vendeu e fez a entrega do certificado, conforme a reportagem feita pela RBS TV, foi um professor efetivo em Tijucas, mas que mora em Florianópolis. De acordo com a secretaria de Educação, antes mesmo da denúncia ser divulgada, Andrei da Rosa já havia pego licença do cargo. Ele só será afastado da função caso a Justiça se manifeste pedindo este afastamento. A reportagem não conseguiu contato com o professor.
Por meio de nota, a empresa Ceduc@, que emitiu o certificado denunciado como fraudulento, informou que “repudia toda e qualquer forma de atividade ilícita em relação ao seu trabalho. Os cursos são vendidos na própria sede, no site e por coordenadores. (...) A empresa desconhece o fato ocorrido desta venda de curso e já tomou as devidas providências para que isso não ocorra mais e que o coordenador foi desligado da empresa”.
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