Há quatro anos, Indianara enfrenta a luta contra o câncer diariamente
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Outubro estava para começar. Pela cidade, o assunto eram eleições: quem vai ganhar? Dias antes de ir pela quinta vez às urnas escolher o prefeito de Tijucas, Indianara Laurindo passou mal. Teve uma convulsão ocasionada por um tratamento de saúde. Quando recuperou os sentidos, já estava dentro de uma ambulância rumo ao Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis. Não saiu a tempo de votar. Ficou internada por cinco dias. Foi lá que o outubro dela começou.
Indianara luta contra o câncer há quatro dos seus 29 anos de vida. No final de 2012, descobriu a doença – estava na mama, com metástase no fígado e em duas vértebras. Começou o tratamento. Vieram as sessões de quimioterapia, as idas a Florianópolis, os exames, a queda de cabelo, a mudança na rotina, alguns sonhos interrompidos (outros adiados) e, acima de tudo, a força para vencer a doença. Para viver!
“Às vezes também sinto vontade de desabar, acordo e me sinto para baixo. Mas procuro ser forte. Não quero passar essa sensação para as pessoas que me amam e sofrem com isso. Procuro ser forte”, comenta. Apesar de enfrentar tantas batalhas diariamente, ela faz questão de se preocupar com os outros, demonstrando que o altruísmo é proporcional à garra.
Foi no final do ano passado que Indianara sentiu fortes dores de cabeça. Jurava ser enxaqueca. Descobriu estar com câncer no cérebro. Logo em seguida começou a radioterapia na cabeça. Continuou o tratamento. Agora, neste outubro, voltou para fazer as 10 sessões de rádio que faltavam – algo tão agressivo que começou a ocasionar convulsões, sintoma que antes não sentira. E foi justamente uma destas convulsões que a fez começar outubro internada. “Quando isso acontece, tem coisas que eu não lembro nada. Nesses momentos é como se eu ficasse acordada, mas com a cabeça desligada”, tenta definir a sensação.
Tão logo a radioterapia acabou, Indianara começou, em meados deste outubro, uma quimioterapia que considera mais agressiva que as tantas outras que já se submeteu. Em casa. Ela mesma toma os comprimidos. Os vômitos vem tão logo o medicamento é ingerido. Toma por duas semanas, “folga” uma.
Lembrando dos altos e baixos ao longo de ininterruptos quatro anos de luta contra o câncer, diz que, cada vez que perde os cabelos pelo reinício de uma fase de tratamento mais agressivo, sente o golpe. Fica para baixo. Mas logo se reergue. Volta à batalha. “Tudo que o médico diz que eu tenho que fazer, faço. Sei que preciso vencer uma batalha por vez. Antes de algum tratamento, ele pergunta o que eu acho. Sempre respondo que, se é preciso fazer, faço!”, confirma, com determinação.
Outubro está para acabar. Nos últimos dias deste mês, ela não está de livre dos medicamentos da quimioterapia. Vai ter de lidar com o enjoo. E mês que vem, a luta segue – como nos meses anteriores aconteceram. Ao contrário de campanhas de prevenção à doença, pacientes vivem esta realidade em meses onde o rosa não se associa ao calendário.
“Sonho em um dia estar melhor para trabalhar no Cepon, ajudando como me ajudam, exercendo meu curso de técnica em enfermagem. Tinha planos de voltar a estudar. Não tenho mais. Não adianta, o segredo é viver cada dia. Tudo tem seu tempo”, comenta, sobre a lição que diz ter aprendido com a vida sobre não planejar (ou pensar) muito na frente. Vive hoje. Luta hoje. Ainda é outubro. O mês está para acabar. Mas a batalha contra a doença, não. E ela segue com a garra da guerreira que é.
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