O paratleta levou a tocha olímpica no evento em Porto Belo
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Uma carreira em ascensão foi interrompida pela falta de recurso. Colecionando medalhas de ouro e já vestindo a camisa da seleção brasileira de Badminton, o paratleta Jonathan Cardoso largou, há quatro anos, o esporte. Não foi por falta de amor. Faltou apoio financeiro. "Minha prótese quebrou e não consegui patrocínio para comprar uma nova e continuar a competir", lembra.
Hoje, aos 26 anos, Jonathan é professor de informática da rede pública municipal de Porto Belo, onde também coordena o projeto Mais Educação. Morava em Blumenau, mas, depois que parou de competir, passou no concurso público e mudou de cidade. Mudou a rotina. Trocou a quadra pela sala de aula.
O esporte ficou adormecido. No entanto, despertou este ano. Jonathan começou a dar aulas na escolinha de Badminton de Porto Belo. Ensina a modalidade para cerca de 50 alunos entre cinco e 62 anos. "Voltei a fazer planos. Quero, ano que vem, levar alguns para competições. E também pretendo voltar a competir. O pessoal da seleção brasileira sempre mantém contato para saber se eu vou voltar a treinar. E acho que chegou o momento para, quem sabe, eu conseguir estar nas Paralimpíadas de 2020", confidencia, disposto a voltar para o topo dos pódios.
AMANTE DE ESPORTES
Feito em outras histórias de paratletas, Jonathan não perdeu a perna em nenhum acidente. Já nasceu com a má formação congênita. Com um ano de idade começou a usar prótese. Desde a infância, praticou várias modalidades esportivas - natação, tênis de mesa, down hill (onde quebrou por duas vezes a clavícula). O Badminton veio bem depois. Tinha 19 anos quando resolveu fazer aulas. E ali se descobriu um campeão.
ROTINA DE PÓDIOS
Tão logo começou a competir, já se destacou. Como em Santa Catarina não havia campeonato exclusivo para paratletas, encarou o desafio de confrontar atletas sem qualquer deficiência. E foi campeão do estadual. Ali começaram os convites para disputar campeonatos nacionais. Conquistou cinco medalhas de ouro no Brasileiro de Badminton.
Foi em 2010 - um ano após iniciar na modalidade e quando havia conquistado o segundo ouro no Brasileiro - que foi convocado para a seleção. E no campeonato Pan-americano, também ficou com o ouro. Se não tivesse parado após quebrar a prótese, em 2012, talvez Jonathan fosse um dos brasileiros a disputar os Jogos Paralímpicos Rio 2016. Mas, ao invés de lamentar a ausência este ano, ele resolveu voltar a sonhar: quer voltar para o alto do pódio. Quer aumentar a coleção de medalhas.
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