Desde janeiro, o Hospital São José, de Tijucas, vem trabalhando no vermelho. Acumula um resultado negativo de R$ 15 mil por mês. Os repasses do Governo do Estado também estão atrasados desde o início do ano. O Gestor Administrativo do Hospital, Vagner Vicheli dos Anjos, afirma que “acendeu o sinal amarelo” e que se não fosse o aporte financeiro da mantenedora do Hospital, o São José já teria fechado as portas ou diminuído os serviços.
Qual a atual situação do Hospital São José?
Atualmente o Hospital passa por um ciclo de investimentos, após uma séria dificuldade financeira, que tivemos em 2013. Na época foram feitas diversas reuniões em Tijucas e no Estado e conseguimos algum aporte de recursos, várias emendas parlamentares... Isso nos permitiu adquirir equipamentos para o centro cirúrgico e de urgência. A Fundação que administra o Hospital entendeu que nós deveríamos ter novos serviços. Um dos serviços que oferece boa rentabilidade é o de diagnóstico por imagem. Neste sentido, no final de 2014 o Hospital iniciou as obras para instalar os serviços de diagnóstico por imagem, num investimento de R$ 1,3 milhão em infraestrutura e R$ 1,1 em equipamentos.
Os investimentos são pensados para atrair novos recursos para o Hospital, né?
Sim, pensamos no aumento de receita, faturamento. Temos que buscar novos clientes a todo momento, já que o principal cliente, que é o SUS (Sistema Único de Saúde) tem suas limitações orçamentárias e atrasos repetidos no pagamento.
Esses investimentos são para buscar mais recursos quando estiveram a pleno funcionamento. Mas e hoje, qual a saúde financeira do Hospital?
O Hospital vem trabalhando desde janeiro deste ano com um resultado de R$ 15 mil negativo a cada mês. De 2015 para 2016 o reajuste de salário foi o maior, a inflação foi a maior, a energia chegou a aumentar 40%. Então, essas situações comprimiram o nosso resultado que veio dando condições para o investimento. Estamos buscando recuperar esse resultado para ter um equilíbrio. Algumas pessoas pensam que o Hospital, por ser filantrópico, não precisa ter lucro. A vantagem do filantrópico é que todo lucro é reinvestido. Também temos o atraso do Estado no repasse da rede de urgência, na ordem de R$ 100 mil e que desde janeiro não recebemos. Nós estamos chegando no sétimo mês de serviço prestado nem receber. Nós estamos falando em 700 mil reais. Se não fosse a nossa mantenedora, a Fundação Santa Catarina, nos dar aporte para honrar os compromissos, já teríamos fechado as portas ou boas partes dos serviços. Eu diria que acendeu o sinal amarelo, precisamos rever despesas. Se algo não for feito para frente há discussões de que caminho tomar.
Uma reclamação comum aos municípios é a questão de atrair médicos, principalmente de determinadas especialidades. Como é a nossa realidade, também há dificuldade de atrair profissionais pra cá?
Toda instituição que trabalha oferecendo ao profissional somente a tabela SUS tem dificuldade. Sem aporte dos municípios, não se consegue profissionais. Um médico para fazer um parto tem que ficar à disposição em casa, 24 horas, e quando chamado recebe R$ 170 por um procedimento de alto risco. Há uma inversão de valores. O SUS paga R$ 7,50 por um raio-x, que para nós tem um custo de R$ 100.O contribuinte paga imposto e o retorno não chega. O Hospital, por uma questão vocacional, ficam se espremendo para tentar fazer o melhor possível. Mas nem sempre é possível.
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