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07 de Julho de 2016 - 17:36:24

Comerciantes se trancam para fugir da violência

Nem medidas como instalação de câmeras, segurança particular e alarmes garantem que as empresas estão a salvo
 
 
Comerciantes se trancam para fugir da violência

Lojista chaveia a porta da loja em horário de atendimento e só abre para clientes

 

BÁRBARA PORTO

[email protected]

 

É só passar pela principal avenida do centro de Tijucas, a Bayer Filho, para perceber que os comércios já não têm a mesma aparência de anos atrás. Foi-se o tempo das portas abertas. Hoje, além de câmeras, alarmes e seguranças particulares, as lojas tomam medidas mais incisivas e se trancam atrás de grades. Sapatos, roupas, eletrônicos e outros produtos perdem destaque para as barras de metal, que tiram a beleza das vitrines e nem sempre evitam as invasões.

“A sensação é que estou desprotegida. Aqui dentro e na rua também”, conta Regiane de Fátima Ferreira Fernandes, atendente da farmácia do Sesi. Esse é o sentimento dela e de muitas outras pessoas que trabalham em comércio na cidade. De acordo com dados da Polícia Militar de Tijucas, apenas no mês de junho, 17,42% das ocorrências atendidas eram referentes a roubo ou furto.

Recentemente nas redes sociais têm circulado uma foto de um plantão feito pelo Sesi, onde os clientes eram atendidos na porta com uma grade e um vidro separando eles e os funcionários. Os produtos são passados por uma janela no vidro. Regiane explica que, a cada dez dias, é feito o plantão e nesses dias elas sempre trabalham assim, atrás de grades. “Nós atendemos, das 7h até a meia noite, somos todas mulheres. Depois que o Koch fecha, isso aqui fica um deserto. Então, às 22h, trancamos a porta de vidro e a grade. Não sei se conseguiria trabalhar se não fosse assim”, relata.

Antes de Regiane entrar para a farmácia, há três anos, o estabelecimento havia sofrido um assalto em que as funcionárias foram rendidas e trancadas no banheiro. “Tenho muito medo que isso aconteça de novo, não venho mais trabalhar de bolsa há tempo”, desabafa.

 

CLIMA DE INSEGURANÇA

 

Segundo dados da prefeitura de Tijucas, a cidade possui 985 comércios ativos. Elisa dos Santos, de 27 anos, acabou de entrar para este número. Há quatro meses abriu uma loja de roupas no centro de Tijucas. Mesmo não tendo sofrido assaltos, desde que montou o estabelecimento ela sente o ambiente de desproteção entre os comerciantes. “Eu e os funcionários das lojas aqui do lado nos falamos o tempo todo. Se alguém percebe algo estranho ou suspeito já informa o outro”, comenta Elisa.

Desde que abriu a loja, Elisa só trabalha de portas trancadas. Quando um cliente chega, acena ou bate no vidro para entrar. A comerciante diz que não quer pagar para ver e, por isso, já providenciou reforço. “Não quero ter que depender somente da polícia. Não me sinto totalmente segura”, declara. Ela passou a pagar por um serviço de segurança personalizado, com sistema de alarme, rondas e botão do pânico, além das grades que mandou fazer. Mesmo com o investimento ela conta que recentemente um homem tentou forçar a porta. “Eu comecei a fazer sinal negativo com a cabeça e chamei a segurança. Então ele foi embora”, recorda.

O major Jefferson Sebastião Vieira, comandante da Polícia Militar de Tijucas, explica que toda medida preventiva é válida e que a PM faz o que está ao alcance para garantir a segurança da população. “Estamos intensificando as rondas e abordagens, tornando elas mais gradativas em pontos estratégicos da cidade. E também fazendo uma aproximação com o comércio em forma de ações preventivas, que podem ser adotadas pelas pessoas”, explica.

 

QUATRO ASSALTOS EM UM ANO

Dona da loja só abre a porta para clientes

 

A proprietária da Farmácia Farmagnus, Lisiane Moreira Burkhard, de 35 anos, conta que o local foi alvo de assaltos cinco vezes, em menos de dois anos, sendo que em um ano foram quatro seguidos e à mão armada. “Há dois anos que eu pago pela minha segurança e dos meus funcionários. Coloquei câmeras de monitoramento, uma equipe que faz rondas e contratei um segurança particular, que fica aqui em alguns horários específicos”, destaca.

Mesmo assim, a farmacêutica garante que as medidas não evitaram os assaltos de acontecer. Ela explica que os criminosos “manjavam” o lugar antes de invadir e sempre iam quando não havia segurança. “Não tenho condições de pagar 24h, é complicado”, desabafa.

As imagens da câmera até ajudaram a identificar os assaltantes, mas a maioria era menor de idade. “Os rostos eram nítidos, a gente recebia ligações de vizinhos, parentes e outras pessoas que diziam conhecer esses indivíduos, mas nada podia ser feito”, recorda Lisiane. De acordo com a Polícia Militar, 23,08% das ocorrências de roubo em Tijucas, no mês de junho, foram efetuadas por rapazes com idade entre de 12 e 17 anos.

Certa vez o segurança particular que trabalha na farmácia, em um impulso, foi atrás de um dos assaltantes e ficou rendendo o rapaz até a polícia chegar. “Às vezes sentimos isso. Essa sensação de que nós mesmos temos que fazer algo”, diz Lisiane. Mesmo diante dos maus bocados que passou, ela não desanima. “Depois de um assalto a gente sempre volta a trabalhar. Temos que voltar. Tenho minhas contas para pagar”, argumenta.

 

MEDIDAS PREVENTIVAS

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação Comercial e Industrial de Tijucas (Acit), diante dos recentes casos de assaltos nos comércios da cidade, declararam que, desde o ano passado, têm buscado manter uma parceria com prefeitura e as polícias Militar e Civil. “Nosso trabalho tem sido mais de coordenar, dentro das entidades, o combate e prevenção contra a criminalidade. Temos desenvolvidos ações nesse sentido desde janeiro de 2015. Promovendo reuniões e procurando soluções junto com os órgãos responsáveis pela segurança pública” comentou o presidente da CDL, Luciano Spengler. Ele ainda disse que a evolução existe, mas é lenta e, por isso, pode parecer que nada é feito.

Sobre as ações que os pontos comerciais têm tomado investindo na própria segurança, Rogério de Souza, presidente da Acit, reflete como sendo necessárias, mas entende que nem sempre são suficientes para resolver o problema da criminalidade. “Precisamos mesmo é de mais punição, fiscalização e abordagens a pessoas suspeitas a fim de evitar todo tipo de ação criminosa", conclui.

 

 

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