Bruno morreu poucas horas depois de ter levado um tiro na cabeça
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Para o Estado, foi enterrado ontem a sétima vítima de homicídio em Tijucas. Para a população daqui, foi sepultado um jovem – de família conhecida na cidade – que é mais uma vítima da crescente violência. Bruno Pereira tinha 19 anos e foi assassinado com um tiro na cabeça, após ser assaltado na segunda-feira à noite. Até agora, nenhum suspeito pelo crime foi identificado.
Passava das 22h quando Bruno, que estava acompanhado da namorada, estacionou o carro em frente a um estabelecimento na Marginal Leste da BR-101, no centro de Tijucas. Ia arrumar o som do carro. Tão logo parou, o casal foi abordado por dois homens, um deles armado. Queriam o veículo, um Voyage preto. A namorada saiu. Bruno resistiu. Permaneceu no carro, segurando o volante e demorou para sair. Um dos assaltantes atirou, o deixou jogado na calçada do estacionamento e fugiu.
Quando o socorro chegou, Bruno estava inconsciente. Foi levado para o hospital de Tijucas. Em seguida, transferido para o Regional, em São José. Lá foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu à gravidade do ferimento. Morreu no início da madrugada de terça-feira. O corpo foi sepultado ontem pela manhã, no cemitério municipal de Tijucas. Bruno, que já foi estagiário no jornal DAQUI, era neto da professora Sandra Regina Pereira, diretora da escola estadual Cruz e Sousa.
FASE DE INVESTIGAÇÃO
De acordo com o delegado Rodrigo Andrade, responsável pelas investigações do caso, foi feita uma entrevista com a namorada de Bruno, mas ela estava muito abalada e sem condições de identificar os autores do crime. “Ela não soube precisar se eles vieram andando ou de moto. Em princípio, eram dois e estavam de cara limpa. Ela será ouvida novamente, mas estamos esperando que se recupere do trauma sofrido”, explica o delegado. Ele aguarda também o laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML).
Rodrigo adianta que, mesmo ainda não tendo identificado os autores e nem localizado o veículo de Bruno que foi levado por eles, a polícia continua fazendo diligências. No dia seguinte ao crime, foram solicitar às empresas das proximidades da marginal da BR-101, imagens das câmeras de segurança. Com relação às cenas que possam ter sido captadas pelas câmeras da Autopista Litoral Sul, o delegado já adianta que a qualidade das imagens são muito ruins e pouco provável que ajudem na apuração do caso. Ele diz, ainda, não poder revelar mais detalhes para preservar a investigação.
DOIS LATROCÍNIOS
Este ano, Bruno foi a segunda vítima de latrocínio – que é o roubo seguido de morte. O primeiro foi Natal Manerichi, 61 anos, gerente de um posto de gasolina, na marginal da BR-101, no bairro Morretes. Ele foi assassinado no dia 10 de janeiro, no local de trabalho. Nenhum suspeito foi preso.
“Esses fatos acontecem por reação inadequada das vítimas. Temos que criar o pensamento anterior de não reagir, para evitar que uma perda de bem material acabe sendo a perda da vida”, argumenta o delegado.
SETE MORTES
O intervalo de tempo entre o primeiro assassinato deste ano e o último foi de 120 dias. Além dos dois latrocínios, houve o homicídio passional em que o cabeleireiro Rildo Benevenute, 42 anos, foi assassinado pelo namorado com golpes de navalha no pescoço. E este foi, até agora, o único homicídio solucionado de 2016. Pablo Diogo Antunes de Oliveira, 18 anos, foi preso horas depois de ter cometido o crime.
LIGAÇÃO COM TRÁFICO
Nos outros quatro assassinatos, a polícia acredita que as vítimas tivessem envolvimento com o tráfico de drogas. O primeiro deles a morrer foi Jean (ou Jeanzinho, como era conhecido), de 19 anos, morador da Joaia. Foi assassinado a facadas na praia de Tijucas e o corpo foi encontrado atolado na lama. Outro morador da Joaia, Yago Marcos de Souza, também de 19 anos, foi executado na frente de casa, na rua Senador Gallotti.
Na Praça, Davi Antunes Mariano, foi assassinado na rua Petronílio Ávila. Foram pelo menos dois tiros fatais – um próximo à cabeça e outro no peito. Depois, no mesmo bairro, um crime praticamente igual: Ronaldo Nicolau, 26 anos, foi assassinado a tiros – desta vez na rua Barão do Rio Branco, próximo à balsa de travessia para o Sul do Rio. Em nenhum dos quatro casos, a polícia identificou os assassinos.
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