BÁRBARA PORTO
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Quinta-feira. Primeiro de maio de 1975. O dia amanheceu bonito. Embora o sol brilhasse forte em um céu com poucas nuvens, o clima era agradável, típico de uma tarde de outono. Enquanto as famílias aproveitavam o feriado do Dia do Trabalho para descansar, os meninos de Tijucas vestiam o uniforme azul e pegavam a estrada. O destino era a capital catarinense. Foram para mais um amistoso, mas mal sabiam eles que voltariam como protagonistas de um acontecimento histórico. Participaram do primeiro jogo a ser transmitido em cores pela TV, em Santa Catarina.
“O jogo estava marcado para começar às 14h, no antigo estádio do Figueirense. O Tiradentes ia fazer, contra o time B da casa, as preliminares do jogo principal: Avaí contra Figueirense”, lembra Walmor Telles, presidente do clube, na época. Um clássico que, mesmo não valendo pontos, por se tratar de um amistoso, não diminuiria a rivalidade. Naquele ano se desenrolava a 50ª edição do Campeonato Catarinense de Futebol.
Seguindo as novidades e avanços tecnológicos na área de aparelhagem, a TV Cultura, de Blumenau, foi a pioneira na transmissão de TV em cores em Santa Catarina e escolheu aquele jogo, em que participava o Tiradentes, para ser a primeira transmissão colorida de uma partida de futebol no estado. Walmor Telles conta que a intenção deles foi fazer um teste para, então, gravar o clássico de Avaí e Figueirense. E faltando 15 minutos para o fim do segundo tempo, foi colocado no ar imagens do jogo do Tiradentes.
Sobre a repercussão do ocorrido, Walmor lembra que, em Tijucas, no bar do seu Batuel, um dos poucos lugares com televisão colorida na cidade, houve alvoroço. Entre chuviscos e imagens coloridas, os pontos escuros se transformavam e revelavam o verde do gramado, o branco da trave, as cores da arquibancada. No entanto, o que se destacava aos olhos dos tijucanos era o azulão do Tiradentes. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Um placar comum, mas de uma partida que ficou para a história.
NOME DO ESTÁDIO
Antônio Peixoto, o Toninho do Posto, tem muitas lembranças do Tiradentes. As mais antigas memórias relacionadas ao azulão são de quando tinha dez anos. O menino, que não era muito fã de futebol, ia ao estádio por causa do pai, que não perdia um jogo. "Eu não deixava meu pai quieto, ficava o tempo todo pedindo um amendoim, pipoca, cocada e pinhão... Eu só ia pela comida", conta, entre gargalhadas.
Toninho, que é dois anos mais novo que o Tiradentes, é irmão de Sebastião Vieira Peixoto, o Tatão, que, desde sua morte, em 1997, dá nome ao estádio que um dia brilhou o time de uniforme azul. Diferente do irmão caçula, Tatão era um apaixonado pelo esporte. Jogou muitos anos como goleiro e foi diversas vezes presidente do Tiradentes – quando não, se mantinha na diretoria. "Ele não só gostava, era doente pelo Tiradentes. Acompanhava os jogos dentro e fora de casa. Ficava irritado quando perdia", lembra o irmão. O time se foi. Mas o estádio, com o nome de Tatão, permanece como palco do apaixonante futebol de Tijucas.
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