Raio-X
Valério Tomazi
58 anos
Formação: Engenheiro Civil, pós-graduado em Engenharia de Produção e Geomática.
Carreira: Prefeito de Tijucas, foi vereador por três mandados consecutivos. Já foi presidente da Câmara e Secretário de Obras do município.
“Quem manda no candidato é o partido”
Prefeito de Tijucas conta que quer ir à reeleição, mas que só concorrerá se tiver apoio do PMDB
ANA MARIA VEIGA
[email protected]
Recentemente, o prefeito de Tijucas, Valério Tomazi(PMDB), tomou medidas não muito populares. Cancelou dois grandes eventos: o Réveillon e o Carnaval. Em entrevista ao DAQUI, ele garante que tão logo finalizem as obras de saneamento básico pela cidade, irá fazer uma mobilização para acabar com uma das maiores reclamações da população que são os buracos pelas estradas do município. Sobre a possibilidade de reeleição, Valério confidencia que quer concorrer, mas precisa ser apoiado pelo PMDB.
DAQUI - O momento delicado da economia que o Brasil enfrenta atrapalhou a vinda de recursos para Tijucas?
Valério - Não só para Tijucas. Eu diria que todos os municípios vivem o drama da crise. Nós ainda estamos navegando em calmaria porque começamos apertar o cerco e a cobrar mais, conscientizar a população da importância dos impostos. Mostrar para a população que era necessário fazer mudanças, ajustar a casa. Cobrar do funcionário público o cumprimento da hora. Isso tudo para que a gente pudesse tocar o barco sobre controle. Em 2014, o Governo Federal, já em dificuldade, foi apertando mais e 2015 foi terrível. Nós fazemos projetos, encaminhamos, recebemos promessas, criamos expetativas, mas os recursos não vêm. Nós estamos caminhando hoje com os repasses que são constitucionais e com as receitas próprias do município. Temos um controle muito forte sobre os gastos. Suspender o Réveillon e Carnaval foi exatamente para conter despesas, para que não precisemos cortar em outras ações mais essenciais, mais importantes, como infraestrutura, saúde e educação.
DAQUI - Entre os pedidos e reclamações da população, o que mais se tem falado é sobre a situação das estradas. Este problema terá solução em breve?
Valério - Nós vamos trabalhar com foco neste sentido. A nossa meta é melhorar as estradas. Não conseguimos fazer neste momento uma ação mais forte, por conta que as obras do esgoto ainda estão em andamento. Finalizando o esgoto, que já está na fase final, vamos dar uma atenção maior à infraestrutura, que foi a grande prejudicada neste processo. A partir de março, já começamos a fazer um trabalho de recuperação das ruas. Vamos recuperar as estradas, não só aqui no centro, mas as do interior também. Nós também temos um setor de transportes que é muito grande e importante para o município e que circula em todas as ruas. É muito difícil proibir a passagem de caminhões em determinadas ruas, porque você vai ter que ter guardas em todo local. O nosso solo também é extremamente complexo e arenoso. Nossas tubulações não foram preparadas para receber as águas servis, elas foram preparadas para receber apenas água da chuva. Grande parte das tubulações está com a vida útil no limite. Isso tudo faz abrirem os buracos nas ruas. O problema não está no pavimento em si, são as tubulações que rompem ou cedem e aparecem buracos no pavimento. Nós trocamos a tubulação naquele ponto em que houve o problema, procuramos recuperar o calçamento. Na semana seguinte abre num ponto mais à frente... É difícil. Esses são os fatos que levaram à atual situação das ruas da cidade.
DAQUI - Conforme decisão judicial, ainda em recurso pelo município, a prefeitura tem que zerar as filas de espera por vagas em creches. Isso vai acontecer esse ano?
Valério - Não há município que tenha creches suficientes para atender a população. No início, as creches eram de responsabilidade da Assistência Social e era um espaço para cuidar de crianças que as mães trabalhavam. Posteriormente ela mudou. Hoje, faz parte do Ensino Infantil e é um direito de todos, não só da mãe que trabalha. Creche custa muito para os municípios e o Governo Federal não manda recursos suficientes. Para se ter uma ideia, uma criança custa na ordem de R$ 9 mil por ano e o que o Governo Federal repassa não chega a R$ 3 mil por aluno. Ou seja, para cada criança da creche nós entramos com dois terços do que é o custo dessa criança. Então o município não tem mais suporte. Nós também temos outro limitador que é o gasto com folha de pagamento. A creche tem um número reduzido de crianças em salas de aula e tem que ter dois profissionais ao mesmo tempo em sala. Precisa ser feita uma reavaliação na distribuição de recursos. A fatia não pode continuar pouca para os municípios e o grande bolo para o Governo Federal. Essa é a grande briga que os municípios têm. Uma divisão mais justa para fazer frente às demandas dos municípios. As coisas acontecem na cidade. O cidadão vem pedir a vaga no prefeito, não no Governo Federal.
DAQUI - Este ano, por ser eleitoral, deve ser mais difícil?
Valério - É um ano mais difícil, porque os convênios são limitados e tem prazos. Mas não é só isso. Vamos ter grande dificuldade pela frente por causa dos indicadores econômicos que o país apresenta. Um exemplo claro é o ‘Minha Casa, Minha Vida’, que movimentava bastante a economia. Ano passado foram liberados R$ 21 bilhões para o programa. Neste ano a previsão é menos de R$ 7 bilhões.
DAQUI - Como prefeito no primeiro mandato, o senhor seria candidato natural à reeleição. O senhor é candidato? Abriria mão da disputa?
Valério - Eu sou candidato a candidato. Tenho essa vontade, sou o candidato natural. Agora isso é o tempo que vai dizer e o partido que vai decidir. É a conjuntura que vai definir. Eu não abriria mão da candidatura. Mas naturalmente quem manda no candidato é o partido. Então quem vai conduzir isso é o partido. Se o partido não der o apoio, eu não posso ser um candidato.
|