Didi acredita que denunciar é uma forma de mostrar que merece respeito
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Amanhã é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. Passados tantos anos desde a abolição da escravatura e avançado tanto na luta pela igualdade, ainda existem casos de discriminação racial. Leomir Pedro da Silva, o professor Didi, 51 anos, já precisou ir até a polícia duas vezes para denunciar as ofensas. “Não podemos deixar quieto. Temos que dar um basta nesse preconceito! Dessa vida não se leva nada, por que ofender o outro?”, indaga.
Didi é professor há três décadas. Certa vez, no início da década de 1990, trabalhava na escola do bairro Nova Descoberta quando foi xingado por um aluno, na frente de todos: “ô macaco!”, teria gritado o estudante. “Eu processei. Como era menor de idade, na época, não deu em nada. Mas fiz isso porque queria mostrar que mereço respeito. Estávamos quase virando para um novo século, e ouvir esse tipo de coisa?”, ressalta o professor.
Ele achava que o episódio não se repetiria. Pensava que o máximo que conviveria dali para frente seria com olhares desconfiados de algumas pessoas ou até mesmo com descaso de vendedoras em algumas lojas. “Por causa da cor da pele, tem muita gente que trata diferente, sim!”, assegura. Mas, este ano, novamente teve de procurar a polícia. “Eu estava na carona de um amigo, quando passamos por um barzinho na Joaia um conhecido gritou: ‘estás com um macaco dentro do carro!’. Um xingamento de graça. Denunciei e estou esperando o delegado chamar”, conta Didi.
AINDA EXISTE
Para a presidente do Conselho Municipal de Populações Afrodescendentes de Tijucas, Karine Ramos, por mais que as pessoas jurem que racismo seja coisa do passado, ele ainda está presente. “Apesar de ser de forma velada, ainda existe, sim! A gente vê em várias situações, na escola, na comunidade... Mesmo o povo dizendo que somos todos iguais, ainda há muito preconceito disfarçado”, salienta.
POR QUE ESSE DIA?
O Dia Nacional da Consciência Negra serve para a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade e é celebrado em 20 de novembro – data que coincide com o dia da morte de “Zumbi dos Palmares”, em 1695. A data remete ainda à resistência da raça negra contra a escravidão.
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