Curru tinha deixado a prefeitura um mês antes da operação ser deflagrada
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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A operação “Bola de Neve” foi deflagrada há pouco mais de três anos. Investigou fraudes em licitação e crimes contra a administração pública em quatro municípios de Santa Catarina. Um deles, Porto Belo. Na época, o ex-prefeito Albert Stadler, o Curru, foi um dos 18 presos pela operação. Agora, o Ministério Público concluiu o inquérito e apresentou denúncia à Justiça. Pede a condenação de Curru, do sucessor dele no comando da prefeitura, Osvaldo Claudino Ramos Filho, o Vadinho (PSD), e de outros 10 envolvidos. Além das punições previstas no Código Penal, a Promotoria pede que sejam devolvidos aos cofres públicos quase R$ 5 milhões, equivalentes aos danos ao erário.
Segundo a denúncia do promotor Fabiano Francisco Medeiros, da 2ª Promotoria de Justiça, o esquema consistia em fraudes de licitações, uso indevido de dinheiro e bens públicos e superfaturamento de orçamentos na prefeitura. Envolvia empresários do ramo de autopeças, que ofereciam propina aos agentes públicos em troca de vantagens durante os processos licitatórios. “A junção dos servidores ímprobos e empresários desonestos, associados para o fim específico de cometer crimes contra a administração, permitiu a manipulação de diversos procedimentos licitatórios”, alegou o promotor.
Ele ainda salientou que as investigações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelaram que os denunciados se associaram em quadrilha para cometer crimes contra a administração pública. E acrescentou ao rol de crimes: fraude a licitações, peculato, corrupção ativa e passiva. A reportagem não conseguiu fazer contato com os envolvidos.
Além de Curru e Vadinho, são denunciados os ex-secretários Antônio Ballestero Garcia Júnior (de Saúde), Aoilto Motta Porto (de Administração), Edemir Natalio Silvino (de Obras), a ex-diretora de Transporte da secretaria de Educação, Katia Waltrick da Costa, e o ex-assessor de compras Marco Aurélio Pereira. O empresário Clauto Antônio Correa foi apontado como o articulador do esquema. Ele era representante de uma empresa de tratores que sempre vencia as licitações. A mulher dele, Inês Nonato Galeano, seria quem pagava as propinas. Walmir Camargo da Silva, Márcio Probst Lucena e Ivanir Ernesto Pereira, representantes de outras empresas, também fariam parte do esquema.
POR QUE SAIU?
Um mês antes de a operação “Bola de Neve” ter sido deflagrada, Curru já havia deixado a prefeitura. Ele, que estava para cumprir os últimos meses do segundo mandato, resolveu trocar de partido: largou o PTB para se filiar ao PSDB. Com a mudança, pretendia assumir o comando da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Itajaí que, na época, estava vaga e era de nomeação dos tucanos. Por isso, perdeu o comando da prefeitura por infidelidade partidária. Era início de abril de 2012 quando o vice Vadinho, então, virou prefeito.
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