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01 de Outubro de 2015 - 09:55:05

Quando a esperança está a quilômetros de distância

Todo mês, cerca de 230 pacientes de Tijucas são transportados para algum hospital de Florianópolis
 
 
Quando a esperança está a quilômetros de distância

São 4h45 da manhã de terça-feira. Faz frio. Algumas pessoas estão sentadas em cadeiras do posto 24 horas de Tijucas. Não esperam por atendimento médico. Ao menos não ali. Estão à espera do micro-ônibus da Saúde que, em poucos minutos, sairá com destino a Florianópolis. É a chamada “ambulancioterapia”. Pacientes são levados para tratamento, consultas ou exames na capital do Estado.

Ao cruzar as dezenas de quilômetros até o destino final, os passageiros seguem acordados. Sabem que em menos de uma hora chegarão. Pouco antes das seis da manhã, começam as paradas. Em cada hospital que passa, o motorista anuncia – feito ônibus quando chega à rodoviária: “Hospital Regional, quem vai descer?”, “Hospital Governador Celso Ramos!”, “Hospital Infantil”... E começam os desembarques.

O micro-ônibus segue. E cada paciente vai para alguma fila – seja para tratamento, consulta ou exame. Pelos arredores de cada parada, o veículo com os pacientes de Tijucas é só mais um que se mistura às dezenas de ambulâncias e carros de outras cidades. Muitas pessoas percorrem quilômetros atrás de atendimento médico. A “ambulancioterapia” não é exclusividade daqui.

Ao final do atendimento a que cada um foi à procura, nova espera. É preciso que todos estejam prontos para que comece a volta para casa. Feito motorista de van escolar, o condutor do micro-ônibus da Saúde sai atrás dos passageiros. Alguns mais debilitados, precisam da ajuda dele para chegar até o veículo. “Essa espera de um paciente pelo outro é parte da rotina. Tenho que lembrar de cada passageiro e, quando é preciso, sair para procurar. Não tem como evitar a preocupação”, comenta o motorista Sérgio Chagas Vasconcelos, que há pouco mais de um ano dirige um dos carros da Saúde. Com todos os pacientes embarcados, é hora de voltar para casa. O micro-ônibus, como na ida, permanece inundado no cansaço dos passageiros.

 

BUSCA DE TRATAMENTO

Todo mês, cerca de 230 pessoas de Tijucas são levadas para Florianópolis para receberem algum tipo de atendimento médico. Há, ainda, 13 pacientes que precisam de tratamento periódico fora da cidade: nove em hemodiálise e quatro em radioterapia ou quimioterapia. Indianara Laurindo, 27 anos, está nesta cota. Desde 2012 ela luta contra o câncer. “É uma rotina bem cansativa. Confesso que ainda não me acostumei, sempre que tenho de ir, volto muito cansada”, conta. Teve fases em que Indianara chegou a ir 21 dias num mês para Florianópolis. Agora, está numa rotina diferente: vai três vezes no mês. 

 

Precisa de transplante para sair da “ambulancioterapia”

Divo vai três vezes por semana para Florianópolis para fazer a hemodiálise. A rotina se repete há mais de um ano

 

Três vezes por semana, o aposentado Divo de Souza, 55 anos, embarca com carro da Saúde rumo à capital. Há sete anos, descobriu que tinha problema nos rins. Mas foi há pouco mais de um ano que a situação piorou. Em casa, sofreu uma crise convulsiva. Levado para o hospital, ficou 15 dias internado. Depois ficou sabendo que precisaria, a partir de então, fazer hemodiálise periodicamente.

Agora, a rotina tem sido esta: três vezes por semana sai às 5h da manhã e volta depois do almoço. A “ambulancioterapia” já faz parte do cotidiano. E ele garante que está acostumado. “Nem preciso mais que o celular desperte. Acordo sabendo que tenho de ir. Lá, fico quatro horas na hemodiálise. Mas nem dá para dormir, porque de meia em meia hora alguém chama para medir a pressão. Só quando chego em casa que descanso”, ressalta. Para largar a rotina de idas a Florianópolis, só mesmo quando receber um rim novo. No entanto, não está na lista de transplantes. Está com uma úlcera na perna, que o impede de entrar para a fila de espera por um novo órgão.

 

POR QUE IR PARA LÁ?

De acordo com a secretária municipal de Saúde, Adriana Porto Faria, existem exames específicos de alta complexidade que o paciente precisa, mas que o município ainda não oferece, assim como algumas especialidades clínicas. “Nestes casos, nós encaminhamos o pedido do médico para um sistema que todo o estado usa, nele o pedido é avaliado e então lá no hospital ao qual foi encaminhada a solicitação é feito o agendamento da consulta. O critério usado para agendamento das consultas e exames geralmente é o da urgência”, salienta. Adriana confirma que a maioria dos pacientes são levados para Florianópolis, mas que há, também, casos que precisam ir a outras cidades, como Joinville, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre.

 

Acidente com veículo da Saúde deixa dois mortos

Luis Fernando dos Santos é motorista da Saúde há 14 anos. Hoje ele é chefe da frota urbana e trabalha há 10 anos na “ambulancioterapia”. Durante todo esse tempo, acompanhou as mudanças no setor e garante que elas são perceptíveis. Principalmente se tratando do número de pessoas atendidas e quantidade de veículos. “Antes ia uma van, às 5h da manhã, e uma Kombi, às 11h. Hoje, vai um ônibus e uma van. Isso sem contar com os carros pequenos, que levam e trazem pacientes mais debilitados”, conclui.

Nestes anos de serviço, Fernando coleciona histórias – dele próprio ou dos pacientes que transporta. Uma delas foi marcante. Embora não tenha presenciado, ele lembra com detalhe do que viu. Era 2007, um dia de jogo do Brasil. O dia amanheceu bonito, mas no fim da tarde a chuva chegou para ficar. Foi quando recebeu a ligação. Diziam que uma das vans da Saúde derrapou na pista e acabou capotando algumas vezes. “Eu cheguei lá e todos estavam ensanguentados, menos uma senhora que estava muito branca, sem uma gota de sangue pelo corpo”, recorda.

No acidente, o que se tem conhecimento é que o motorista se perdeu em uma curva, próximo ao rio Inferninho, na BR-101. E o final foi trágico: duas pessoas morreram.  Outras tiveram ferimento graves, chegaram a ficar internadas, mas conseguiram se recuperar. Como em qualquer viagem pelas estradas, a “ambulancioterapia” também tem riscos. E, naquele ano de 2007, deixou marcas a serem esquecidas pelos pacientes (e motoristas) de Tijucas. No dia seguinte, tudo tinha de voltar ao normal. Os tratamentos não podiam parar.

 

 

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