Raio X
Lilian Mazurek Meyer
36 anos
Carreira: Psicóloga com especialização em saúde
mental e dependência química. Coordenadora do (CREAS)
Centro de Referência Especializado em Assistência
Social e do (CMDCA)Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e Adolescente de Porto Belo.
Responsável pelo CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) de Porto Belo, Lilian Meyer, afirma que a demanda de atendimentos tem aumentado cada vez mais. Neste ano, os atendimentos dos casos de violência contra a mulher, adolescente em conflito com a lei e pessoas em situação de rua, praticamente dobraram em relação a 2014. O maior desafio, segundo ela, é proporcionar um atendimento humanizado a essas pessoas.
Qual é o papel do CREAS?
Ele é chamado de proteção especial de médica complexidade e atende violação de direitos. Nosso público prioritário são crianças, idosos e mulheres em situação de violência. A gente tem um serviço que é o PAEF, que atende essas famílias em violação de direitos. Nesse programa atendemos crianças em situação de trabalho infantil, exploração ou abuso sexual; idosos em situação de violência física, psicológica e negligência e violência contra a mulher. Mas o carro-chefe, o que mais a gente atende, são crianças em situação de negligência. O casos da lei Maria da Penha também tem aumentado. Dobrou o número de atendimentos em relação ao ano passado.
E em relação aos adolescentes em conflito com a lei?
Nós temos um programa de medidas socioeducativas. No ano passado entregamos o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo. A gente atende adolescentes que cometeram ato infracional. Hoje as pessoas tem muito preconceito com o adolescente que cometeu o ato infracional. A gente trabalha numa ótica para desmitificar isso. Nós trabalhamos com esse adolescente, fortalecendo o vínculo dele com a comunidade, com a família, para ele refletir sobre as atitudes dele. Queremos resgatar a cidadania e a autonomia dele. Hoje, grande parte das ocorrências são de menores de idades que dirigem sem habilitação, que em muitos casos os próprios pais entregam os carros para os filhos, por porte de drogas, tráfico e furto.
Vocês percebem um aumento nesses atos infracionais cometidos por menores de idade?
Em 2014 atendemos 29 adolescentes. Até a metade deste ano já atendemos 29. As pessoas dão ênfase aos adolescentes que cometem crimes. Mas apenas 1% dos crimes cometidos são por adolescentes. Eles são mais vítimas do que violadores de direito.
Esse aumento nos atendimentos realizados por vocês, se estende também aos programas sociais? As famílias tem procurado mais?
Sim. Há um aumento na procura. Também pelo fato que divulgamos bastante nosso trabalho e trabalhamos em rede. No ano passado atendemos 785 famílias. Neste anos, foram 628 até julho. Então esse número deve dobrar. Também temos as pessoas em situação de rua, é outra demanda que cresceu bastante. No ano passado atendemos 30 pessoas, em 2015 já foram 65. Tem aumentado bastante. Hoje, as pessoas em situação de rua são o nosso maior calo. Nós queremos fazer um atendimento humanizado. A maioria nunca tem a documentação civil completa. Então, desde que ele queira, é tentado o contato com a família. Mas é necessário que ele queira. Se for dependente químicos, já encaminhamos para tratamento. Mas em muitos casos eles querem permanecer na rua. A pessoa em situação de rua tem o direito de receber o benefício do bolsa família. Nós já tivemos muitos casos de sucesso em atendimento a essas pessoas.
Você também é coordenadora do CMDCA. Em relação ao Fundo da Infância e Adolescência, os contribuintes de Porto Belo tem destinado parte do imposto de renda ao fundo?
Até onde eu percebi não tiveram muitas destinações. Estamos intensificando uma campanha para elevar as destinações. Tivemos a apresentação de 20 projetos para receberem esses recursos do FIA e foram aprovados 11 projetos, totalizando pouco mais de R$ 79 mil. Priorizamos todos os eixos, cultura, educação, cidadania e lazer. Muitos deles já estão acontecendo.
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