Engana-se quem pensa que a vida do carteiro é fácil. A rotina do entregador de cartas exige esforço físico, cachorro bravo e rende muitas histórias. A andança pelas ruas também proporciona ao carteiro o contato com as pessoas e o leva a conhecer cada cantinho da cidade.
Pouca gente sabe quem é Vilton Gonçalves, mas o Pretinho do Correio é uma das figuras mais conhecidas de Tijucas. Carteiro há 37 anos, conhece o município como a palma da mão. “Quando eu comecei, eu percorria a cidade inteira de bicicleta. Naquela época, apenas três carteiros davam conta de Tijucas. Hoje somos em oito”, revela.
Antes as pessoas esperavam ansiosas por Pretinho, que trazia cartas com as notícias da família ou com declarações de amor. Hoje, elas aguardam apreensivas pelas mercadorias que compram pela internet. “O perfil das entregas mudou, mas o volume de correspondências aumentou. São muitas faturas. As cartas são bem raras”, conta. Segundo ele, a maioria das cartas são envidadas pelos detentos do presídio, que querem se comunicar com a família.
Pretinho já é aposentado pelos Correios, mas mesmo assim não quer abandonar o ofício. “Não me arrependo em nenhum momento da profissão que escolhi. Quando era jovem, surgiu a oportunidade de jogar em um time de futebol profissional, mas preferi seguir como carteiro”, recorda. O futebol, aliás, é uma antiga paixão e o hobbie de Pretinho. “Há 22 anos dou aulas de forma voluntária em uma escolinha de futebol. Meus filhos herdaram de mim a paixão pelo esporte”, orgulha-se.
O pretinho dos olhos claros
Pretinho nasceu em Rio do Sul e veio morar em Tijucas aos dois meses de vida. Veio com a família para a rua Estevão Caetano Rita, na Joaia, onde mora até hoje. “A maioria dos meus vizinhos eram negros e ficaram felizes com a vinda de mais um “pretinho” para a rua. Eles me chamavam de Pretinho e o apelido pegou”, conta.
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