A primeira partida da final do Municipal de Futebol Amador de Tijucas foi equilibrada. Tanto que Renascença e União empataram. Mas, no último sábado, o confronto que valia a taça não foi de placar apertado. Não foram poucos os torcedores que se amontoaram ao redor do estádio Manoel Franco de Camargo, no bairro da Praça, para ver a disputa do título de campeão da série A. E assistiram o time da casa golear o adversário por 4 a 0, com direito a golaço de bicicleta.
O União foi quem primeiro balançou a rede adversária. Mas o lance nem chegou a ser comemorado. Aos 25 minutos, Tiaguinho chutou para o gol. No entanto, antes mesmo da bola sair dos pés do atacante do time do Porto da Itinga, a bandeira já havia subido, marcando o impedimento do jogador.
Dois minutos depois, teve gol de verdade. E daqueles de encher os olhos de quem gosta de futebol – independente de torcer ou não para algum time. Pela direita, Renato começou a jogada do Renascença. A bola sobrou na área e, antes que Walber encostasse, deu tempo de Baixinho pedir para o companheiro de ataque sair e, no ar, fazer o movimento. Foi de bicicleta o primeiro gol do Renascença.
E o mesmo Baixinho, em tarde iluminada e que rendeu o troféu de atleta destaque da finalíssima, fez o segundo do time da Praça, ainda no primeiro tempo. Aos 38 minutos, entrou em velocidade na área, tentou encobrir Maycon, que fez a defesa. Mas a bola voltou para os pés de Baixinho. Ele não perdoou, ampliando o placar na decisão.
SEGUNDO TEMPO
Na primeira partida da final, que aconteceu no Porto da Itinga, o Renascença também saiu do primeiro tempo com o placar de 2 a 0. Mas deixou os adversários empatarem na segunda etapa. No último sábado, porém, embalados pela torcida (que era verde, em sua maioria), a equipe não veio disposta a segurar o placar. Continuou ofensiva.
Logo aos dois minutos do segundo tempo, Lelê chegou com chances de gol para o União: chutou de fora da área, passou pelo goleiro Alagoano, mas a bola ficou na trave direita. Parecia que o time visitante iria buscar uma reação. Contudo, quem voltou a balançar a rede foi o Renascença. Baixinho lançou Lelê Bahia, que deixou Walber na cara do gol. E o atacante fez o terceiro do time da Praça. O quarto gol veio pouco depois: em jogada pelo meio, Lelê Bahia chutou de fora da área e confirmou a vitória do Renascença por 4 a 0. Aos 35 minutos, o União ainda teve a chance de fazer o gol de honra. Mas Lelê errou a cobrança de pênalti.
POSTURAS DIFERENTES
O capitão do União, goleiro Maycon, ressaltou o desempenho da equipe ao longo da competição, mas lamentou o resultado na última partida. “No primeiro turno tivemos momentos bons e ruins, mas recuperamos no segundo. Chegamos na final por merecimento, só que o time pareceu jogar sem confiança, com pouca comunicação e atitude”, avaliou ao final do jogo.
Já o meio-campista Alexandre, do Renascença, não teve o que reclamar do desempenho dos companheiros de time. Viu uma defesa atenta e um ataque aproveitando as chances pela frente. “Era para ter sido uma partida tensa, mas construímos um jogo fácil. Foi uma vitória que confirmou o trabalho, que já começou a ser feito no ano passado”, destacou Alexandre, pouco antes de receber a medalha de ouro de campeão 2015.
Torcida grita: “o campeão voltou”
Mais de uma década depois, time da Praça volta a ficar com o título de campeão da série A
A torcida do Renascença era maioria. Cantavam ser “Verdão de coração”, rimavam “raça” e “Praça”. Mas o grito que mais esperavam soltar era um que, desde 2004 – quando a equipe venceu a série A do Municipal pela última vez –, estava entalado. E antes mesmo do apito final, com a vitória praticamente definida, começaram os gritos de “o campeão voltou!”. A taça retornou para o Renascença. Foi o 9º título da equipe, que é a que mais vezes venceu a competição.
Há 11 anos, quando o time da Praça tinha sido campeão pela última vez, Juba dos Anjos era capitão e foi quem ergueu o troféu. Ele tinha participado das oito conquistas do clube. Agora, foi o técnico da equipe. “Estive em todos os títulos do Renascença e é uma alegria poder estar em mais um. No primeiro jogo da final, tivemos um exemplo de que placar de 2 a 0 não é garantia de que o jogo já está ganho. E colocamos isso na prática. Mesmo na frente, voltamos para dentro de campo com a intensidade de quem queria ficar com o título”, argumentou Juba.
PALAVRA DE PRESIDENTE
Maurício Melo, presidente do União, garante que o trabalho deste ano foi, na verdade, uma retomada da base da equipe. Ele acredita que ainda renderão ótimos resultados ao time do Porto da Itinga. “Devem ter saído 80% dos nossos atletas, então trouxemos de volta a nossa base. E todos fizeram um ótimo trabalho. Não chegamos à final por acaso”, comentou o dirigente. Ele ressaltou, ainda, que o Renascença montou uma grande equipe, difícil de vencer, principalmente na Praça. “No começo do campeonato o União não era apontado entre os favoritos, ninguém apostava que chegaríamos na final. Mas a amizade e a família que construímos fez a diferença para chegarmos longe”, afirmou.
Já o presidente do time da Praça, Vagner Felizardo, confirmou que, este ano, o Renascença fez grandes mudanças para conquistar o título. “Fizemos um trabalho diferente e escolhemos, dedo a dedo, cada um dos jogadores. Nosso bairro e nossa torcida mereciam a volta da taça para cá”, salientou Vagner, que além de presidente, foi um dos atletas do Renascença este ano. Ele destacou ainda a força dos torcedores para empurrar a equipe na final. “O povo compareceu. Foi uma festa linda. Tenho orgulho de ter feito parte disso e ver que, apesar das dificuldades, com a ajuda de amigos e patrocinadores, conseguimos montar a equipe campeã”, ressaltou, com a emoção de quem pode dizer: depois de 11 anos, a taça está de volta ao Renascença.
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