Dona Regina é prova de que o amor de mãe é tão grande que ultrapassa em muito os laços de sangue
Quando Maria Regina nasceu, penúltima filha de Delaudina Linhares Freitas e Manoel Freitas, os pais estavam morando no distrito de Guatá, em Lauro Müller, aos pés da Serra do Rio do Rastro, a trabalho. O casal, que era de Tijucas, voltou para a cidade quando ela tinha nove anos de idade.
Depois de terminar os estudos, Regina, como é conhecida – “o Maria ficou de lado” –, formou-se professora e trabalhou em comunidades do interior de Tijucas. Largou a sala de aula, no entanto, quando se casou com Saulo de Brito, com quem teve dois filhos: Maria Aparecida de Brito Souza e Saulo de Brito Junior, que precisou criar praticamente sozinha.
Com apenas 35 anos, Saulo sentiu-se mal e, em uma semana, foi internado e acabou falecendo. O filho mais novo do casal tinha apenas sete meses. Resignada, Regina, então aos 24 anos, decidiu que a partir daí viveria pelas crianças. “Foi um período muito difícil mesmo, mas eu só pensava nos meus filhos. Nunca quis casar mais e me dediquei somente a eles, dediquei a minha vida para cuidar deles”, relembra.
COSTURANDO PARA PAGAR AS CONTAS
Regina contava com o apoio da mãe, mas precisou se virar para criar os pequenos. Além de trabalhar fora, na Usati, ela costurava produzindo calças e ternos, ofício que havia aprendido com Joca Alfaiate, para incrementar a renda de casa. Algum tempo depois, também teve uma loja de roupas para bebê.
Todo o esforço valeu a pena, afirma ela. Aos 78 anos de idade, tem dois filhos que estudaram, formaram família e já deram a ela cinco netos e dois bisnetos. “Hoje o sentimento é que absolutamente tudo valeu a pena. É uma satisfação muito grande olhar pra trás e ver nossa história”, garante.
Há cerca de quatro anos, dona Regina sentiu a necessidade de compartilhar um pouco do seu tempo para ajudar outras pessoas, principalmente mulheres, muitas mães, em momentos de fragilidade. Passou a se reunir em seu apartamento com as amigas Marisa, Almira, Salete e Consuelo para costurar almofadas, conhecidas como naninhas, e outras em formato de coração.
As primeiras são doadas para crianças carentes e para senhoras que estão em casas de repouso para idosos, para oferecer um pouco de acalanto. As segundas, por sua vez, são doadas a locais como o Cepon, em Florianópolis e o Hospital Santo Antônio, em Blumenau, especializados no tratamento de pessoas com câncer.
Os corações que espalha por esses lugares carregam um pouco dos seus melhores sentimentos, levando um pouco de carinho a quem mais precisa. De acordo com dona Regina, são comuns os agradecimentos de mulheres com câncer de mama pelo conforto que as almofadas proporcionam quando colocadas sob os braços, aliviando as dores e incômodos causados pela doença.
É a prova de que o amor de mãe é tão grande que ultrapassa em muito os laços de sangue, se estendendo a pessoas que, às vezes, só precisam de um pouquinho desse carinho materno. E como doar amor é a grande vocação das mães, fazer isso é a maior felicidade de dona Regina. “Eu sou feliz com o que eu faço, a minha vontade é ficar ali costurando. É uma grande felicidade me doar, doar o meu tempo”, assegura.
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