Não são raras às vezes que ex-alunos encontram dona Janete e falam sobre os aprendizados na catequese ou na escola
Janete Pereira Azevedo tinha 20 anos de idade e havia acabado de se casar com Benjamim Azevedo Filho quando foi convocada pelo saudoso Monsenhor Augusto Zucco a se integrar ao trabalho na Igreja Católica. Nascida em Canelinha, ela se mudara para Tijucas, onde o marido vivia, após o casamento. O monsenhor, no entanto, ela já conhecia bem há algum tempo, porque sempre esteve envolvida na igreja por intermédio da família, bastante católica. Em Tijucas, então, passou a se dedicar a uma série de funções nas liturgias, organização de eventos, cursos de batismo, festas religiosas e toda necessidade que aparecesse.
Além dessas várias atribuições, logo Janete, hoje com 65 anos, também assumiu a função de catequista e iniciou uma jornada que marcaria sua vida. Foram 32 anos dedicados à formação religiosa na cidade, desempenhando um papel que considera fundamental na vida das pessoas.
Não tardaria para que, em virtude da sua dedicação, passasse a lecionar ensino religioso também em escolas estaduais de Tijucas. À época, quem indicava as pessoas para a tarefa era o responsável pela paróquia e, claro, o Monsenhor Augusto reconhecia em Janete o perfil ideal. Começou dando aulas no Cruz e Souza, por um ano, e depois mudou para o colégio Valério Gomes, onde trabalhou por mais onze. De acordo com dona Janete, essa história nas salas de aula das escolas e da igreja foi a sua grande formação. “Mesmo que eu tivesse feito uma graduação não teria aprendido tanto. Ser professora foi o maior aprendizado da minha vida”, afirma.
Depois de mais de três décadas dedicadas a repassar conhecimentos e princípios espirituais a várias gerações de estudantes de Tijucas, ela precisou se afastar para cuidar da mãe, dona Odília, atualmente com 95 anos, que adoeceu. Hoje, sente falta do ambiente escolar. “Se pudesse, com certeza eu estaria dando aula até hoje porque eu gostava muito. A gente não tinha uma relação de professora e alunos, era uma relação de mãe e filhos mesmo”, assegura, com um sorriso que não esconde a satisfação que sente ao rememorar sua história.
Além da sala de aula, dona Janete trabalhou em empresas, na loja de móveis e brinquedos que manteve com seu Beja, apelido do marido, e foi conselheira tutelar por dois mandatos, onde conheceu realidades difíceis de muitas famílias da cidade e lutou por atendimento justo, garantia de direitos e políticas públicas para que pudessem ter uma vida mais digna. Enquanto batalhava pelas famílias em situação vulnerável, também precisava cuidar das filhas, Ana Cláudia e Gizeli. Uma luta árdua, mas compensadora e gratificante, na maioria das vezes.
RECONHECIMENTO DOS EX-ALUNOS
O reconhecimento, dona Janete recebe com frequência, sobretudo quando encontra adultos que foram seus alunos na catequese ou na escola e fazem questão de abraçá-la. “Muitos me encontram e se lembra de mim, me dizem que se recordam até de determinada frase que eu disse em algum momento. Isso me deixa muito feliz”, salienta. E, para reforçar a importância do que considera o maior aprendizado de sua vida, garante: “Tudo isso me ensinou e me fortaleceu muito, me ajudou a educar as minhas filhas e criar a minha família”, finaliza.
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