Em 2016, Brito foi personagem de reportagem especial do DAQUI, sobre sua trajetória na política
Tijucas se despede do ex-prefeito Nilton de Brito, que faleceu na madrugada da última quarta-feira, aos 73 anos, no Hospital de Caridade, em Florianópolis. Ele era casado com Cláudia Germano de Brito e pai de Rafael e Rodrigo. Comandou a Prefeitura entre 1993 e 1996, sendo também vice-prefeito entre 2001 e 2004. Foi também vereador, servidor da Celesc e empresário. Em sinal de pesar pelo falecimento do ex-prefeito, o Município decretou luto oficial por três dias.
Em setembro de 2016, o Jornal DAQUI preparou uma reportagem especial ouvindo ex-prefeitos, para que recordassem um pouco das trajetórias em campanhas eleitorais. Hoje, resgatamos o texto das lembranças de Brito, como uma forma de homenagem, mas também de eternizar a jornada de uma figura emblemática da política daqui.
REPORTAGEM DE 2016
– Queres um cafezinho?
Aquela deveria ser a décima vez que ouvira a mesma pergunta durante a caminhada daquela manhã pelas ruas da comunidade da Aldeia, no bairro Praça. Mesmo estando cheio de café, responde que “sim”. Não faria a desfeita de recusar. A mulher, então, tira de uma cristaleira empoeirada a xícara – igualmente poeirenta – que parecia estar ali havia anos aguardando por uma ocasião especial. E a anfitriã considerou que a visita de um candidato a prefeito de Tijucas era uma ocasião especial. Sem qualquer menção de que tiraria a poeira, serve o café que se mistura à sujeira. Entrega. O político assopra a borda para tentar amenizar. Mesmo assim, parece indigesto. Toma num gole só. “Faz parte”, pensa.
Apesar da lembrança que depois virou motivo de risos, o ex-prefeito Nilton de Brito dizia sentir falta daquelas jornadas que fazia durante as eleições. A primeira que disputou foi em 1982. Com 34 anos, concorreu a vereador e se elegeu para o cargo. Era da bancada de oposição ao MDB. No pleito seguinte, saiu a prefeito e perdeu por menos de 200 votos.
Em 1992, pelo PDS, voltou à disputa. Daquela eleição, guardou as mais valiosas recordações de uma
campanha que, segundo ele, foi vencida pela alegria e engajamento de amigos. “As pessoas sequer falavam de sigla. Diziam que eram do partido do Brito”, contou. Na época, acordava todos os dias às 5h da manhã para definir o que fazer, cedo ia para as ruas, passava de casa em casa, tomava dezenas de cafezinhos e, à noite, seguia para as reuniões partidárias. Não cansava. Queria ganhar e conseguiu. “Como prefeito, fiz uma administração popular. E isso fez com que eu tivesse aprovação de 74%. Se a lei permitisse reeleição naquela época, eu seria reeleito tranquilamente”, acreditava.
TRÊS PARA VICE
Em 2000, Brito foi vice na chapa encabeçada por Uilson Sgrott. Já no conhecido duelo entre “canarinhos” e “periquitos”, ganharam a eleição. A mesma chapa tentou a reeleição em 2004. Perdeu. E em 2008, Brito foi vice de Roberto Vailati. Também perderam, numa disputa em que já sentia a dificuldade de conseguir a vitória. Foi a última vez que saiu. Definitivamente parou de concorrer, mas sem deixar de participar das ações partidárias da sigla que fazia parte, o PP.
DERROTA INDIGESTA
Brito participou de seis eleições. Ganhou metade delas. Sabia o gosto da vitória nas urnas, mas também da derrota. Para ele, a perda mais indigesta foi a de 2004, quando ele (como vice) e Uilson Sgrott tentavam a reeleição. Para ele, a vitória estava garantida até dias antes do pleito. “Fizeram uma armação lá na Praça, pra alegar compra de voto. E naquela bobeira o Uilson apareceu no vídeo, às vésperas da eleição. Aquilo foi parar na televisão e perdemos a eleição que estava ganha”, recordou.
No entanto, ao mesmo tempo em que se permitia analisar o passado, salientava a importância de esquecer as cenas que vivenciou nos períodos eleitorais. “Não guardo nenhuma recordação, nem santinho, nem bandeira... Eleição é muito bom na hora. Não temos que remoer. Depois que passa, tem que esquecer”. E o ‘esquecer’ que ele mencionou, não era apenas para as derrotas. Vitórias também são passageiras.
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