Quem quiser conhecer o trabalho do seu José pode entrar em contato pelo telefone (48) 99934-2373
José Jovan Ribeiro tinha nove anos de idade e já dava algum apoio ao pai, Arlindo Ribeiro, no trabalho em uma serraria, em Caçador, no Norte do estado. Faltavam-lhe, então, tempo para brincar e dinheiro para os brinquedos que sonhava ter. Havia de sobra, no entanto, restos de madeira – e das boas: araucária, imbuía, canela. Foi com esses materiais que o garoto construiu seu primeiro caminhãozinho, dos poucos brinquedos que possuía na infância. Além de usá-lo para brincar, José ainda o aproveitava para carregar lenha para o fogão de casa.
Mais de quarenta anos depois, ele está em um pequeno cômodo, de não mais do que 10m², cercado de ferramentas, onde passa praticamente todo o dia produzindo réplicas perfeitas de diversos modelos de caminhão. O ofício, ele passou a desenvolver depois de passar por problemas sérios. José vivia em Camboriú, mas, seguindo os passos do pai, estava trabalhando em uma serraria na pequena Major Vieira. Um dia, ia de moto ao trabalho quando foi atingido por um carro. As piores consequências do acidente foram lesões na perna esquerda, agravadas por atendimento médico inadequado.
A partir daí, José viveu uma luta diária dolorida e, ao fim de dois anos, precisou amputar a perna acima do joelho. Depois disso ele até fez um ou outro bico, mas acabou tendo que se aposentar e então a rotina mudou completamente. Acostumado ao trabalho, se viu em casa, refém do tempo que parecia não passar e do tédio que tomou conta dos dias.
Como se lembrasse daquele brinquedo que construiu na infância, começou a juntar restos de madeira e a fazer alguns caminhões para passar o tempo. No início, era apenas um hobby e os caminhões bem simples, para crianças brincarem.
José foi aprimorando sua técnica e passou a reproduzir modelos de caminhões e carretas reais. E as réplicas começaram a chamar a atenção das pessoas porque, de fato, são muito similares e possuem detalhes que impressionam. As miniaturas têm dimensões proporcionalmente perfeitas, cores que reproduzem as dos modelos originais, sistema de faróis, luzes de sinalização e até adesivos personalizados.
O que era um passatempo, se tornou trabalho e fonte de renda extra, mas o que importa mesmo, para José, é ocupar a cabeça. “Isso aqui é uma terapia pra mim, porque se eu ficar parado sem fazer nada acho que fico doente. Seis horas da manhã já estou aqui e passo o dia inteiro praticamente trabalhando”, relata.
Com o aperfeiçoamento do trabalho, José conquistou clientes que são, sobretudo, caminhoneiros e empresas do ramo do transporte. As encomendas chegam de diversas partes do país pela internet e os pedidos geralmente são para que o artesão reproduza os caminhões dos clientes, com todos os seus detalhes.
A produção é intensa: desde que começou, há seis anos, ele calcula que já tenha fabricado cerca de 600 exemplares, que estão espalhados Brasil afora. Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraíba, entre outros estão na lista de estados para onde as peças já foram enviadas.
Se tudo correr bem, explica José, as réplicas ficam prontas em 15 dias. Mas o trabalho também é cansativo e estressante. Por isso, ele está planejando uma mudança: quer focar mais em peças para floricultura e agropecuárias, como vasos e utensílios para pets, mais simples de produzir e reduzir a produção dos caminhões. Não pretende parar, no entanto, e já tem um bom número de encomendas para atender. As obras de José, portanto, seguirão rodando pelo país e enchendo de orgulho os apaixonados pelas estradas.
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