CLAUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Com uma raquete, cadeira de rodas especial para a prática do esporte e muito suor, Ymanitu Silva – ou simplesmente Many – prova que a palavra limitação desaparece quando se está determinado a não ter limites. Aos 31 anos, o tijuquense é o melhor paratleta do tênis no Brasil e o 25º no mundo na categoria Quad (para jogadores com comprometimento funcional em três ou mais extremidades do corpo). Agora, segue firme no objetivo de estar entre os 12 melhores do planeta para disputar, então, os Jogos Paralímpicos de 2016.
O sol estava prestes a surgir, numa véspera do Dia das Mães, quando Many passou direto na curva onde se encontram a avenida Bayer Filho e a rua Geraldo Rebelo (ponto onde hoje foi aberta a nova via de acesso ao bairro Joaia). O acidente aconteceu às 5h45 do dia 12 de maio de 2007. “Só umas 9h da manhã eu acordei no hospital e soube da lesão, que não voltaria a andar. Nos dois primeiros meses, não aceitava. Quando comecei a reabilitação, fui aprendendo que a vida está na cabeça, as pernas são apenas meios de locomoção”, conta Many.
Na infância e adolescência, praticou tênis. Era esforçado, gostava do esporte, mas não era um grande campeão. Tanto que deixou de lado a quadra e começou a estudar Farmácia. Este era o plano que o acidente interrompeu. “Se nada tivesse acontecido, minha vida teria seguido outros rumos. Eu não teria me dedicado ao esporte. Posso dizer que o tênis me ajudou a superar as dificuldades e hoje afirmo que foi muito bom ter voltado a fazer algo que eu gosto tanto”. Ao invés de ser o farmacêutico que planejava sete anos atrás, Many é atleta da seleção brasileira de tênis.
Atualmente, não perde o foco: quer estar entre os 12 melhores do mundo até maio de 2016 para conseguir a tão sonhada vaga na próxima edição dos Jogos Paralímpicos. “Na véspera de um Dia das Mães a minha soube que eu ficaria numa cadeira de rodas. Quero poder, em 2016, anunciar que vou para as Paralimpíadas como presente de Dia das Mães”, sonha, cada vez mais consciente de que é possível conquistar este objetivo. Para isto, hoje ele treina duas vezes por semana em Florianópolis. Mas já estuda acrescentar três novos dias à rotina de preparação. Many é patrocinado pela universidade Estácio de Sá e pelo empresário Sérgio Cardoso. Conta ainda com o apoio da Confederação Brasileira de Tênis.
“Devo disputar 15 torneios de nível mundial para melhorar minha pontuação no ranking. Mês que vem vou para os Estados Unidos, depois Turquia e Suíça para competir”, comenta o tenista de Tijucas. Ano passado, ele venceu a Copa Guga Kuerten (em Florianópolis) e o Campeonato Sul-americano (no Chile). Agora, está preparado para ultrapassar fronteiras mais distantes. O sonho é grande. E a determinação também.
RAIO-X
Nome: Ymanitu Silva
Idade: 31 anos
Formação: cursando o Ensino Superior
Carreira: atleta da seleção brasileira de tênis e 25º no ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF)
O que você faria diferente, caso pudesse voltar no tempo?
Eu pensaria com mais calma antes de fazer qualquer coisa, não seria tão impulsivo.
E hoje, o que você faz diferente do que fazia no passado?
Hoje eu faço o que realmente gosto, que é jogar e me dedicar ao tênis.
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