Em todo o Brasil, e não é diferente em Santa Catarina, o desafio atual na educação é tornar o ensino médio atraente para o jovem e fazer com que ele termine essa etapa com uma boa preparação para o mercado de trabalho. Apesar da evolução positiva dos investimentos em educação nas últimas duas décadas e seu impacto na distribuição de renda, conforme aponta o Observatório das Desigualdades, os efeitos sobre a produtividade do trabalho ainda são poucos e não impactam de forma igualitária todos os extratos de renda.
Do ponto de vista pedagógico, é estratégico que o setor educacional catarinense tenha um foco no desempenho no IDEB e utilize o ensino à distância (EAD) no esforço de capacitação contínua de professores. Mas o grande salto que começa a ser dado na atratividade do ensino médio é sua associação ao ensino técnico, que tem um marco legal de início em 2022 e deverá ser intensificado a partir de 2023.
Uma forma de acelerar esse processo é o governo firmar parcerias com organizações públicas, como os Institutos Federais, com o Sistema “S” e o Sistema ACAFE, do qual sou professor titular desde 2008. Nesses dois últimos casos, não se pode usar recursos do FUNDEB, exigindo um esforço adicional do governo estadual. Além da já tradicional força de organizações como o SENAI, o SENAR e o SENAC, que podem criar importantes espaços para, em parceria, valorizar a formação profissional, Santa Catarina possui uma situação privilegiada com a grande rede que compõe o Sistema ACAFE (com universidades espalhadas por todo seu território). Desta forma, é fundamental que se invista em políticas de bolsa de estudo para que alunos originários de segmentos de menor renda, tenham oportunidades na formação em nível superior e na formação técnica-profissional, investimento que, inclusive, já vem sendo incrementado no governo do estado e que pode e deve ser potencializado.
Outro fator que confere excepcionalidade ao contexto catarinense é a grande rede de empresas de tecnologia da informação, com polos de startups se fortalecendo em várias regiões do estado, e que são uma importante oportunidade para jovens interessados nesse segmento que seguirá em constante crescimento. Também a parceria da indústria de TI com o ensino médio apresenta grandes potencialidades.
O momento é propício para Santa Catarina ter uma política mais consistente na formação do jovem do ensino médio. Não podemos desperdiça-lo, com ousadia e coragem de avançar na formação técnica, aproveitando parceiros públicos e privados. A capacitação continuada de professores e o fortalecimento do ensino técnico associado ao ensino médio devem ser os vetores principais para a construção de uma sociedade que crie oportunidade para todos e eleve o padrão catarinense visando a competitividade global.
POR: Napoleão Bernardes
Professor universitário (Furb) e advogado, doutorando e mestre em Direito (Univali)
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