Quando Gilson Bayer Laus e Sônia Mabel Brando Laus se casaram Tijucas tinha praticamente apenas as duas ruas principais. A que margeia o rio que dá nome à cidade, em que está situada a casa onde o casal vive desde 1981, e a então chamada rua nova, Avenida Bayer Filho. Por elas, pouquíssimos carros transitavam.
Gilson, 81 anos, e Sônia, 77, estão casados há 61 anos. Eram muito jovens quando celebraram a união, mas a vida adulta já os alcançava há certo tempo. Ele, por exemplo, começou a trabalhar no setor de cobrança do Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina (INCO), quando tinha 17 anos de idade. A agência, localizada em um pequeno prédio de dois andares em frente ao Tijucas Clube, que permanece de pé, era a única da região. Atendia todas as cidades do Vale, até Brusque, e do litoral, até Itajaí. “Tínhamos uma demanda grande de serviço e tudo feito à mão. Era desde a manhã até tarde da noite para poder dar conta do serviço”, recorda Gilson.
Gilson passou por diversas funções no banco, assumindo a gerência 10 anos depois de ingressar na organização. Em 1968, o banco foi adquirido pelo Bradesco e ele seguiu na gerência por mais sete anos, quando foi convidado a trabalhar em São Paulo, o que preferiu não aceitar. Gilson passou, ainda, pelo BESC, mudando-se para Florianópolis para assumir cargo na inspetoria da instituição. Foi bancário até se aposentar, em 1990.
SERVIR DESINTERESSADAMENTE
Enquanto trabalhava fora, Gilson contava com a parceria da esposa Sônia em todos os aspectos. Ela cuidava da casa e dos filhos, que são três: Marcelo, Marco e Marcia, pela ordem. À jornada cansativa no banco, ele agregou, em 1962, o cargo de vereador, naquela época um trabalho voluntário. Foi convidado – e convencido – pelo então gerente da agência do INCO, Narbal Ademar Gevaerd para ser, digamos, um representante da instituição financeira no Legislativo. Naquela eleição, aos 22 anos, foi o vereador mais jovem e mais votado pela União Democrática Nacional (UDN), partido que também elegeu o prefeito Nilton Olinger, quebrando histórica hegemonia do Partido Social Democrático (PSD) no município.
O voluntariado, de fato, marca a trajetória de Gilson e Sônia. No mesmo período em que foi vereador, ele foi convidado, também por Gevaerd, para integrar o Lions Clube. Junto de personagens expoentes da cidade, o casal passou a se dedicar a ajudar o próximo em diversas ações solidárias. Embora com uma população muito menor do que a atual, havia bastante pessoas em situação de vulnerabilidade. “Sempre fizemos jantares para arrecadar fundos, campanhas solidárias, arrecadamos alimentos para doação, cestas de natal”, conta Sônia.
Os dois são os membros mais antigos da divisão municipal do Lions, há 58 anos trabalhando para “servir desinteressadamente”, como determina o princípio máximo da organização internacional. Gilson já ocupou vários cargos, como presidente de divisão e foi presidente por algumas vezes da unidade municipal da entidade.
E, ao que parece, pretendem que a tradição seja mantida pela família. Atualmente, eles são os únicos integrantes do Lions Clube de Tijucas que possuem um filho como membro. Marcelo, 60 anos, já faz parte da instituição há mais de 20. Há satisfação no relato que o casal faz da sua história. O único lamento, no momento, é a impossibilidade de viajar, por conta da pandemia. Gilson e Sônia já rodaram o Brasil e visitaram inúmeros países pela América do Sul e do Norte e Europa e não veem a hora de poderem pôr o pé na estrada. Devidamente vacinados, em breve, será possível novamente.
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