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05 de Março de 2021 - 12:54:19

Keka da Praça: amor ao próximo e à enfermagem

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o jornal DAQUI conta a história de uma profissional que é exemplo de dedicação e empatia
 
 
Keka da Praça: amor ao próximo e à enfermagem

Keka começou a trabalhar aos 13 anos, no hospital de Tijucas. E se apaixonou pela área da Saúde  

 

A mais do que justa luta das mulheres por igualdade nos espaços de decisão, mercado de trabalho e em diversos outros aspectos é longa – e ainda deve durar bastante tempo. Cinquenta anos atrás, no entanto, tudo era ainda mais difícil. O lavrador Manoel Franco de Camargo, pai de Ângela Maria Camargo Braun (57) e de outros 12 filhos, por exemplo, não permitia que a esposa, Celina Cota de Camargo, professora, trabalhasse fora, mesmo com as dificuldades financeiras que a família enfrentava. 

Imagine, então, a surpresa dele quando Ângela, com apenas 13 anos de idadeavisou que o pai precisava ir até o Hospital São José para autorizá-la a iniciar um emprego no arquivo da instituição. Um dia antes, em ato de ousadia típica da sua personalidade, ela fugiu das aulas no Cruz e Sousa e foi pedir trabalho. Apesar da juventude, era esperta e chamou a atenção da irmã Ludovica, coordenadora do hospital na época, que lhe concedeu a vaga. “Disse que queria trabalhar para ajudar meus pais e ela aceitou. Eu era muito metidinha”, conta Ângela. Começava ali uma longa jornada de aproximadamente 40 anos dedicados a cuidar das pessoas. 

O setor do arquivo ficava bem ao lado da recepção da enfermaria e Ângela não se contentava com o serviço burocrático. Recebia quem chegava à procura de atendimento, lavava ferimentos e já ia encaminhando os primeiros procedimentos antes que os médicos chegassem. A dedicação agradava os superiores, que foram confiando cada vez no trabalho da jovem Keka, apelido pelo qual todos a conhecem. “Se tu chegares por aqui e perguntar pela Ângela, ninguém sabe. Agora, perguntou pela Keka, até as criancinhas mostram onde eu moro”, comenta a técnica em enfermagem, que nasceu e mora até hoje no bairro Praça.  

Como viam que ela levava jeito, foram incentivando que se especializasse. Formou-se atendente de enfermagem, fez cursos para atuar no tratamento de dores, em vacinação, instrumentação e aprendeu, inclusive, a fazer partos. À época, as enfermeiras eram responsáveis por boa parte dos nascimentos, cabendo aos obstetras os casos em que havia alguma complicação. Aos 27 anos, Keka concluiu o curso Técnico em Enfermagem, através do Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (Profae). 

Antes disso, no entanto, saiu de Tijucas para trabalhar em hospitais de Gaspar e Blumenau, numa dupla jornada que poucos profissionais além dos da área da saúde conhecem. Trabalhou, na sequência, em Balneário Camboriú, para poder ficar mais perto da família. Na cidade, também atuou por pouco mais de dois anos como corretora de imóveis, mas não porque desejasse largar a saúde. Era, na verdade, uma aposta: queria ganhar melhor para poder financiar o sonho de cursar medicina e ser cardiologista. Eu achava bonito isso de atender as pessoas e ouvir o coração delas batendo, descobrir por que para de bater, aquilo me empolgava”, sorri. 

AOS MAIS NECESSITADOS, TUDO! 

Sem conseguir realizar o sonho, voltou a Tijucas e ingressou na rede municipal de Saúde através do primeiro concurso realizado pela prefeitura para a pasta, em 1991. Foi aprovada na segunda posição como atendente de enfermagem. Tinha a opção de escolher onde trabalhar e optou pela Santa Luzia, onde havia uma unidade de saúde recém-inaugurada. “Era um bairro mais necessitado e eu me sentia melhor com as pessoas mais carentesentende?”pontua. Atendia sozinha na unidadefazia as visitas aos moradores acamados e ainda cuidava da limpeza e manutenção do posto.  

Depois desse período, Ângela assumiu a coordenação do posto de saúde do bairro Praça por duas oportunidades e também trabalhou no PA 24 horas. Não hesitava em ajudar a quem precisasse de remédios quepor algum motivo, estivessem em falta ou de uma ajuda para pagar a passagem de volta a algum bairro do interior. Não foram poucas as vezes que foi à farmácia comprar medicamentos em seu nome. “Olha a Madre Paulina, quer resolver o mundo”, criticavam alguns companheiros de trabalho.  

Não se importava. Afinal, a principal missão de quem trabalha com a saúde das pessoas, ela entende, é atender bem as pessoas. “Toda vida disse pra todos: hoje, é ele. Amanhã, pode ser tu, teu pai, tua mãe. Sempre se colocar no lugar do outro”, ressalta.  

 

AMOR À FAMÍLIA

E, às vezes, é mesmo na própria carne que dói. Mesmo acostumada a lidar com situações difíceis na linha de frente do atendimento em saúde, Keka nunca esteve preparada para viver o que considera os piores dias da sua vida. O pai, vítima de infarto, a mãe, que padeceu a um câncer de estômago, e o irmão Luiz Otávio Camargo, também por um ataque cardíaco, morreram nos seus braços. “Mas isso é obra de Deus, talvez ele quis que eles morressem comigo”, supõe. 

Em 1º de agosto de 2017, dia do seu aniversário, Ângela assinou a aposentadoria. O marido, Eloi Braun, com quem casou aos 26 anos e tem um filho, Vitor Hugo (21), achava que a esposa já havia se dedicado o bastante a todos, menos a si própria. “Ela merece descansar um pouco”, considera. 

Empoderamento, palavra da moda, talvez não esteja tão presente no vocabulário de Keka. Mas, certamente, desde que, aos 13 anos, confrontou o pai, foi trabalhar no Hospital São José e dedicou a vida a ajudar o próximo, vive sem nenhuma ressalva o significado do termo: é uma mulher de fibra e cheia de amor ao próximo.  

 

 

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