DRA ANA PAULA PASIN BOGER
O autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde que se caracteriza por dificuldade na comunicação social, socialização, comunicação verbal e não verbal do indivíduo e alterações no comportamento como interesse restrito e movimentos repetitivos. Existem vários subtipos do transtorno, por isso o termo “espectro”, pelos vários níveis de comprometimento. Há desde pessoas com outras doenças e condições associadas como deficiência intelectual e epilepsia até pessoas independentes, com vida comum, sendo que algumas nem sabem que são autistas por nunca terem tido diagnóstico.
Nos últimos anos, a prevalência de TEA vem aumentando drasticamente. Dados do CDC-USA (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) mostram que a prevalência de autismo em 2000 a 2002 era de 1 a cada 150 crianças, aumentou de 1 para 68 em 2010 a 2012 e chegou ao número de 1 para 59 em 2014 a 2016. Não temos dados precisos no Brasil, mas a estimativa da OMS é de que aqui temos mais de 2 milhões de autistas.
As causas do autismo são, na sua maioria, genética, além de fatores ambientais. O transtorno é permanente e não tem cura, tendo origem nos primeiros anos de vida. Temos que ficar atentos a alguns sinais já nos primeiros anos da criança. Se ela perde habilidades que já havia adquirido, não apresenta sorriso social, tem pouco contato visual, não fala ou fala pouco, não aceita o toque, se incomoda com sons altos, não responde ao nome, tem distúrbio do sono moderado ou grave e demonstra mais interesse aos objetos do que por pessoas. Isso já nos sugere o tratamento precoce, mesmo sem ter a certeza do diagnóstico.
De acordo com o Manual de Orientações sobre o Transtorno do Espectro Autista da Sociedade Brasileira de Pediatria de abril de 2019, o impacto econômico na família e no país pode ser alterado pela intervenção precoce e é o que o documento sugere, que o diagnóstico e as intervenções sejam realizados o mais breve possível e baseados em evidência. Esse tratamento consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para autonomia, alem de diminuir as angústias da família e os gastos com terapias sem bases de evidências científicas.
Aqui em Tijucas temos o Grupo AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista) que realiza palestras, encontros, reuniões para representar, lutar e reivindicar direitos e benefícios para os autistas. O grupo foi fundado há um ano, já possui registro em cartório e este ano poderia abrir um centro para trabalhar com as crianças, porém isto não foi possível devido à pandemia. Então o que solicitam é que as autoridades os auxilie quando tudo isso passar para abrir este centro de apoio aos autistas. E já sabendo da alta demanda do município, apenas a AMA não conseguirá atender a todos, então a sugestão é para quem sabe a criação de um centro especializado em autismo, com equipe multidisciplinar e especializada na área para facilitar o acesso a estas crianças e essa intervenção precoce tão preconizada e fundamental no tratamento dos autistas.
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