Pode até ser história de pescador, mas Carlos Alberto Silva, 57 anos, diz que nasceu dentro do mar. Ele não lembra exatamente com quantos anos começou a pescar. Só sabe que ainda menino acompanhava o pai e o avô nas lidas pela água salgada e que, aos poucos, foi aprendendo o ofício. Hoje, após mais de cinco décadas de serviço, ainda tem paixão pela profissão.
A rotina de Carlos começa cedo. Por volta das 3h da manhã já apronta a embarcação e segue para alto-mar. Se o tempo estiver bom, só volta para terra firme às 17h. “A vida do pescador é difícil, mas eu gosto do que eu faço e quero fazer por muito tempo ainda. Aprendi ler o tempo e o mar. Essa experiência facilita minha vida”, conta. A habilidade já livrou o pescador de poucas e boas. “Alguns colegas já passaram por apuros em tempestades. O tempo vira de repente. Só que, graças a Deus, sempre consegui perceber o tempo ruim e voltar antes que a coisa ficasse feia”, comenta.
Pescador de camarão, com tempo bom chega a pescar 100 quilos do crustáceo. Quando o mar não está para peixe, consegue trazer apenas 15 quilos. “Temos que aproveitar quando está bom. Na temporada, pescamos menos, mas conseguimos faturar um pouco mais devido ao grande número de turistas aqui em Porto Belo. Muitos compram os camarões aqui no cais, direto com a gente”, revela.
Após cinco gerações de pescadores, a tradição da família Silva acaba com Carlos. Nenhum dos três filhos quiseram seguir os passos dos antepassados. “Eles preferiam estudar e seguir em outros rumos”, ressalta. Segundo Carlos, a primeira semana de julho é a melhor época para pescar camarão, como se fosse um prêmio pelo Dia do Pescador, que é comemorado no próximo dia 29 de junho – vésperas da época em que ele acredita que o arrasto irá render mais.
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