Aconteceu em junho de 2020. O mês do aniversário de Tijucas sempre foi um mês diferente, cheio de acontecimentos e o maior deles é a Festa do Divino, a mais tradicional festa da cidade. Mas, naquele ano, algo invisível mudou a realidade em todo o mundo: uma pandemia causada por um vírus batizado de Covid-19 (COrona VIrus Disease, traduzindo: doença do coronavírus 2019).
As pessoas estavam vivendo em distanciamento social havia três meses. Escolas e igrejas estavam fechadas. As missas eram transmitidas via rádio e internet. Eventos de qualquer espécie estavam terminantemente proibidos. E depois de 129 edições, pela primeira vez a festa não aconteceu. Pelo menos não do jeito que os tijuquenses estavam acostumados.
Não teve cortejo imperial, procissão, nem banda União Tijuquense. A tenda não foi armada, não teve palco, nem banda. Não teve camelô, pinhão, quentão, nem roseta. Não teve parque e não se ouviu os gritos das crianças. Não houveram encontros, risadas, confraternização.
“A festa como a conhecemos não acontecerá, mas a festa litúrgica vai acontecer”, disse o então pároco, Pe Elizandro Scarzi. As bandeiras não puderam entrar nas casas, mas teve carreata. As novenas e missas retornaram à sua origem e foram celebradas na antiga matriz, a capela Espírito Santo, no Lar Santa Maria da Paz. No domingo, o tradicional churrasco foi vendido no sistema drive-thru. A igreja matriz ficou aberta para quem quisesse fazer a sua oração e os arredores foram decorados com símbolos do Divino.
Aquela situação fez com que Pentecostes voltasse a sua essência e, naquele ano, as pessoas começaram a entender que a festa precisa acontecer no interior de cada um. Que o Espírito Santo está, sobretudo, dentro de nós. Seus símbolos e sinais nos ajudam a rezar, mas sua ação é invisível e ele habita no coração de todos aqueles que creem.
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