Vanessa mora com a família numa casa, às margens da BR-101
Enquanto a mãe conta as lutas que Vanessa já enfrentou ao longo dos 12 anos de vida, a menina observa com olhar tímido, debruçada na porta. Por vezes interfere. Em outras, se cala. No meio de tantas dificuldades, uma das que mais causam constrangimento à estudante do sétimo ano, do Ensino Fundamental, é precisar usar fraldas. Quando pergunto “na escola riem de ti? Tem bullying?”, ela fica calada, baixa os olhos e não responde nada. O silêncio basta como resposta.
Vanessa nasceu com um problema de formação em alguns órgãos – entre eles a bexiga e o intestino. Até hoje faz acompanhamento médico, tenta tratamentos e luta para ter uma vida normal, sem depender de fraldas e sondas, que fazem parte da sua rotina desde bebê.
Mora na beira da BR-101, no bairro Morretes, em Tijucas. Numa casa simples, de madeira, onde pelas frestas o frio e barulho não se acanham de entrar sem serem convidados. Vive com a mãe – que fica em função de olhar por todos durante todo o dia –, com o pai, que é acamado e depende de remédios e cuidados especiais, e com uma irmã que sofre de depressão profunda e raramente sai do quarto. E no meio de tanta dificuldade e poucos recursos, a menina segue sonhadora: “gosto de estudar, de ler e principalmente de jogar. Quando crescer, quero ser Gamer Designer [que cria e desenvolve de jogos]”, conta num tom menos acanhado, de quem se orgulha dos sonhos e pretende lutar por eles.
Apesar de dizer que ama jogos, engana-se quem pensa que a menina vive num computador jogando. Não tem computador. Não tem internet em casa. A luta lá é para garantir o básico: alimentos e remédio para a família. “Ela reclama que não tem internet. Mas não dá. Temos que garantir o básico, com o dinheiro do pai, que recebe um salário mínimo, mas que toma cinco remédios que precisam ser comprados todo mês”, confidencia a mãe, Íris Aparecida Rosa, de 54 anos.
Apesar de tantas necessidades – desde o alimento, até as fraldas – Íris diz não conseguir pedir para as pessoas a ajuda. “Peço para Deus, e uma hora ele envia a resposta. Quando se passa pelas dificuldades que nós passamos, toda ajuda é bem-vinda. Tudo que puderem ajudar, sempre receberemos com muita gratidão”, comenta a mãe.
Com a má-formação na bexiga, além de não conter a urina e precisar trocar muitas vezes as fraldas, Vanessa precisa, de três em três horas, colocar uma sonda para tirar parte da urina que fica armazenada no organismo – para diminuir os riscos de infecção. No entanto, como estuda pela manhã e não pode passar a sonda e nem fazer a troca de fralda, coloca duas – uma por cima da outra – sempre que vai para a escola. Geralmente amarra uma jaqueta na cintura para evitar que seja percebida. Enfrenta as dificuldades da vida com o brilho nos olhos de quem não quer desistir de acreditar num amanhã melhor.
- Todo tipo de alimento, inclusive frutas e verduras;
- Fraldas: como Vanessa está numa idade em que a fralda infantil já não serve tão bem e a adulta fica grande, das marcas que testou, a Pampers infantil no tamanho XXG é única que lhe serve. Quando precisa usar outras que ficam pequenas na cintura, a mãe precisa completar passando fita crepe, que acaba machucando a pele da menina;
- Auxílio na compra dos remédios que não estão disponíveis no SUS;
- Professora Eledir, na rua Alzemiro Pandini, 633, centro;
- Izabel dos Anjos, na rua Lauro Muller, 54, bairro Praça;
- Ou entre em contato com Cláudio do Jornal, no whatsapp 48/99134-3782.
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