As mesmas pessoas que criticam vantagens dadas por sistemas de cotas aos negros, são as que riem de piadas com cunhos racistas (ou, por vezes, as contam). Os mesmos que juram não ter qualquer preconceito, amparados pela frase “tenho até amigos negros!”, são os que olham torto quando estão sozinhos num ponto de ônibus e percebem um negro se aproximando.
E aí, saem a criticar o fato de existir uma data que celebra a Consciência Negra, como se não houvesse razão para que se travasse uma luta por igualdade. Como se a segregação – mesmo que velada – fosse apenas uma mancha suja na postura dos nossos antepassados. Como se hoje vivêssemos todos em harmonia e com as mesmas condições e oportunidades.
Anteontem, 20 de novembro, mais que a celebração do Dia da Consciência Negra foi data em que se lembra Zumbi dos Palmares – um herói das minorias, que lutou o quanto pode contra a escravatura e por mais humanidade. Não deveria (como é) ser visto como um herói dos negros. Deveria ser visto como herói de todos que acreditam que devemos ser mais humanos – e menos hipócritas e incoerentes.
|