CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Impressionou, esta semana, as imagens divulgadas pela prefeitura de Tijucas em que a aparece escassa a água na cachoeira do bairro Itinga, onde é captada a água consumida pelo povo daqui. Junto com o vídeo, vem o pedido para que a população racione a utilização da água que – com pouca chuva ao longo dos últimos dias – pode sumir das torneiras. Além disto, alguns bairros da cidade já sentem a falta de pressão da água, sofrendo com a falta dela nas caixas. Para saber como o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) pretende lidar com esta questão e, ainda, fazer algo para resolver o problema ao longo dos próximos anos, o DAQUI entrevista esta semana o presidente da autarquia, Jilson Oliveira.
DAQUI – Qual a atual situação do abastecimento de água em Tijucas?
Jilson Oliveira – Hoje contamos com a cachoeira da Itinga, onde estamos captando pouco menos de água em função da estiagem que nossa cidade está sofrendo. Não só Tijucas, mas todo estado de Santa Catarina está passando por este problema. Enquanto as chuvas não se normalizarem, a captação está prejudicada, sim. E contamos também com a captação de água do rio, numa pequena parte, que pode ser tratada junto com a água da cachoeira. Fizemos a equalização, o tratamento, a filtração com as químicas necessárias para que se torne própria para o consumo humano. Essa situação vai se tornar mais confortável a partir do momento em que se normalizarem as chuvas. Geralmente setembro é um mês chuvoso, mas não é o que aconteceu. É uma situação atípica. Acredito que, para o final do mês, já esteja tudo regularizado. Nós vamos captar o que sempre estávamos captando da cachoeira do Itinga, que é a quantidade necessária para termos a água de acordo com a demanda do município, junto com a quantidade mínima que é captada do rio Tijucas. Hoje 20% da água que nós captamos é do rio, um percentual muito pequeno. Estamos adquirindo uma estação de tratamento que terá condições de captar e tratar até 60 litros por segundo de água do rio, o que vai dar um percentual próximo dos 40% do que pretendemos captar. Estando com a estação implantada e tratando esta quantidade de água, e com nossa cachoeira normalizada, teremos água para suprir a demanda do município.
DAQUI – Visto que se mostra urgente, em que pé está a implantação desta nova Estação de Tratamento de Água?
Jilson – Hoje ela está sendo construída na fábrica. Já houve a licitação, já foi assinada a ordem de serviço e ela está em construção. A fábrica tem até o final do mês de outubro para nos entregar essa estação de tratamento. Em paralelo a isto, começaremos a edificar a base na qual esta estação será colocada em cima. Resumindo por completo a situação, até final de novembro devemos estar com a estação de tratamento de água pronta e instalada. Estamos trabalhando para isso. Não vai faltar água porque podemos captar do rio Tijucas. Além disso, também da cachoeira, com a normalidade da chuva, logicamente. Nossa estação consegue tratar até 125 litros por segundo, não mais que isso. É o suficiente para atender a cidade. Mas estamos projetando que, com a nova estação, mais 60 litros, além da ampliação da adutora da Itinga para captar até 150 litros por segundo, para, somados em pleno funcionamento, chegarmos até 210 litros por segundo. Isso seria suficiente para suprir o abastecimento de uma cidade com aproximadamente 100 a 110 mil habitantes.
DAQUI – Quais bairros tem sofrido mais com a falta de água?
Jilson – Os que são mais distantes e com maior altitude. Bairro de Areias é o mais afetado hoje, justamente por causa da distância e altitude que ele se encontra. Água na rede nós temos. O que não tem é pressão para subir na altitude necessária para abastecer as caixas d’água nas casas.
DAQUI – Assim que assumiu o comando do Samae, o senhor manifestou a preocupação com relação ao crescimento desordenado da cidade, inclusive atribuindo a culpa de casos de falta de água às liberações para loteamentos e condomínios, sem a devida atenção para o impacto que estas construções causariam ao abastecimento. Hoje, já existe este planejamento para o crescimento de forma ordenada, ou ainda há questões a serem resolvidas?
Jilson – Já existe, sim. Nós tivemos a preocupação, na época, em chamar os loteadores e propor a ligação de água no momento em que nós conseguíssemos equalizar a captação, de acordo com o consumo. Em alguns bairros, alguns loteamentos novos, nós estamos fazendo desta forma. Naquele momento em que nós nos preocupamos com isso, já começamos a tratar do processo licitatório para a construção dessa nova estação de tratamento e ampliação da captação. Cortamos investimentos do Samae para priorizar este, já que é uma aquisição com recursos próprios do Samae.
DAQUI – Finalizando: a cachoeira já atende com seu nível máximo a ser captado. Então toda a ampliação de captação, agora, é voltada para o rio Tijucas?
Jilson – Exatamente. O futuro de fornecimento de água para as cidades são os rios. Município de Bombinhas pegou água aqui do rio Tijucas, outros já têm feito a consulta para ver as condições... Porque as cachoeiras correm estes riscos, da sazonalidade, em época de seca, de não ter a quantidade necessária para abastecer a população. A tendência de Tijucas é essa, assim como a de todas as outras cidades.
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