“Ela vai ficar sem os olhos, nunca mais vai enxergar ninguém”, dizia um dos comentários
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
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Foi denunciado à Polícia Civil mais um caso de ameaça contra professores no município de Tijucas e, de novo, envolvendo familiares de alunos da rede infantil. O caso, desta vez, envolve ameaça a professoras do Centro de Educação Infantil (CEI) Nair Ferreira, no bairro da Praça. As intimidações pelas redes sociais partiram de parentes de uma criança, acusando professoras de terem maltratado o aluno e prometendo agredir as educadoras da unidade.
“Tinha mesmo que dar uns socos na cara dela”, diz uma das parentes, enquanto que outra tia da criança sugere: “ela vai ficar sem os olhos, nunca mais vai enxergar ninguém”. Além disso, outros comentários na publicação, encorajavam a violência contra as educadoras. Na publicação, acusam a professora do berçário do CEI Nair Ferreira do período da tarde de agredir o sobrinho delas, de 1 ano e 11 meses.
Apesar de não mencionarem nomes na publicação, as duas responsáveis pelo berçário neste período se sentiram ameaçadas e procuraram a polícia na tarde da última quarta-feira, sem entender para quem seriam as ameaças. Ao final do registro da ocorrência, o delegado já marcou uma audiência no fórum da cidade, agendada para o dia 2 de setembro.
Professora do berçário no período da tarde, JosianyCampos, 36 anos (sendo 20 anos de magistério), nunca passou por uma situação desta em que se visse amedrontada em exercer a profissão. “Não consigo entender de onde tiraram isto. O menino é muito tranquilo, quando não está dormindo, está brincando com seus carrinhos. É uma criança que não dá motivos nem para chamar atenção”, comenta, ainda sem entender de onde os familiares tiraram esta história. Inclusive, no dia seguinte à publicação, a família levou o menino normalmente para a creche, sem que houvesse qualquer reclamação.
A pedagoga em formação Vanusa Cardozo, 38 anos, trabalha ao lado de Josiany nas tardes do berçário. E ficou sem entender o motivo das ameaças. Agora, diz ter medo de que as intimidações se concretizem, afirmando nunca ter passado por nenhuma situação parecida com esta. “Como podem falar isto de nós? Eu digo que não tratamos nossas crianças como tratamos nossos próprios filhos, porque acho que tratamos melhor, justamente por não serem nossos. Nós nos preocupamos com eles o tempo todo”, conta Vanusa, inconformada com as acusações feitas pelas redes sociais.
Conforme a diretora da unidade, Carla Souza, além do boletim de ocorrência feito pelas professoras, o caso também foi comunicado à Secretaria Municipal de Educação. “Eu acredito nas profissionais que estão aqui. Passo quase 12 horas do meu dia aqui, a creche é pequena e acompanho a rotina nas salas e se algo de errado acontecesse com alguma das nossas crianças, eu saberia. É triste ver esse tipo de acusação porque eu sei que a maioria destas crianças ganha mais carinho na creche do que na própria casa”, desabafa a diretora, emocionada com a situação.
OUTROS CASOS
Há duas semanas, uma professora do CEI Maria Helena Machado foi agredida fisicamente em frente aos alunos. A agressão partiu da mãe de um dos estudantes do pré-escolar. Na ocasião, professores fizeram manifestação pedindo paz nas escolas. Já na semana passada, foi a vez de funcionários do CEI Zilda Maria Peixer ficarem em pânico após serem ameaçados de morte por um pai de aluno, que mencionou fazer na creche um massacre como o que aconteceu em Suzano/SP, preservando apenas a vida das crianças. Todos os casos foram denunciados à polícia e aguardam sequência das investigações.
Com relação ao caso ocorrido no CEI Nair Ferreira, a secretária de Educação, Neide Maria Reis, afirmou já estar ciente do caso: “houve ameaça em rede social. Infelizmente não temos como controlar tais atos. Temos feito reuniões com os pais para que os mesmos conheçamprofessores e ambiente escolar”, resumiu.
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