Nascido em Blumenau, José Leopoldo Frederico, o Seu Zeca, veio conhecer a Festa do Divino quando se mudou para Tijucas, há 38 anos. Muito católico, participou dos festejos desde o primeiro ano na cidade. Se apaixonou pela festa e tradição. Nutria um sonho que escondeu durante anos: ser bandeireiro imperial. O segredo ele contava somente aos padres. Nem a esposa, dona Maria Zoli, 79 anos, companheira de cinco décadas, sabia.
Em 2015, aos 76 anos, seu Zeca enfim vai ter o sonho realizado. É o bandeireiro imperial, à frente do cortejo da Joaia. “Eu nem dizia para ninguém, porque achava que só mulheres podiam ser bandeireiras. Mas sempre que entrava um padre novo na paróquia, eu falava da minha vontade”, conta. Seu Zeca acredita que é o primeiro homem a ser responsável pela Bandeira do Divino em Tijucas. “Eu estou muito orgulhoso”, comemora.
Dona Maria, que ficou brava quando soube que o marido seria bandeireiro, já está feliz e ajudando o companheiro na missão. “Já visitamos 60 casas. Temos que agradecer a Deus, que nos deu saúde para percorrer toda essa vizinhança de pé”, ressalta. Nas visitas, seu Zeca e dona Maria pedem pela união das famílias. “Rezamos de mãos dadas. Ficamos nos perguntando: há quanto tempo será que essa família não reza? A gente faz um bem para as pessoas”, orgulham-se.
Quando veio morar em Tijucas, seu Zeca conta que a festa não era como atualmente. “Eu só perdi a festa um ano, porque estava no hospital. Mas me lembro bem. Não havia as visitas com as bandeiras nas casas. Isso começou há uns 18 anos, com a chegada do padre David”, lembra.
Segundo a crença popular, pendurar uma fita no mastro da bandeira traz sorte. “As pessoas fazem pedidos. Neste ano, já estamos cheios de fitas”, revela seu Zeca, que também benze os cômodos das casas com a bandeira para trazer proteção. A Festa do Divino acontece em Tijucas há 125 anos. Este ano, será entre os dias 5 e 8 de junho.
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