A música é a principal distração. Além de compor, Nelson conserta instrumentos
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
E se você tivesse numa cadeira de rodas há quase 30 anos e descobrisse que apenas R$ 22 mil o separam de poder ter a chance de voltar a andar? Foi o que aconteceu com o aposentado Nelson Almeida Flores, 64 anos, morador do bairro Universitário, em Tijucas. Ele aguardava há 23 anos por uma cirurgia na coluna e, quando estava prestes a realizar o procedimento, exames mostraram que a medula havia se regenerado. Agora, precisa apenas de um aparelho ortopédico e fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas. “O médico disse que o milagre mais difícil aconteceu, que Deus me operou”, conta, agora na luta para conseguir juntar o dinheiro para comprar o aparelho.
Nelson é aposentado com um salário mínimo, mora sozinho – apesar de ter uma filha que mora na mesma rua e que dá suporte algumas das vezes em que precisa –, paga aluguel, além dos gastos com medicamentos que não passa um dia sem tomar, principalmente para controlar as dores por estar sempre sentado na cadeira de rodas ou pendurado em algum dos aparelhos que improvisou no quarto e banheiro para se locomover para o banho ou para a cama.
Foi em 1991, aos 36 anos, que Nelson sofreu o acidente que o colocou na cadeira de rodas. Conta que, em obras, só não sabia fazer pintura. O resto, principalmente na carpintaria, sempre dominou. Trabalhava numa obra quando o telhado desabou sobre ele. Da época, ficou apenas com a magra aposentadoria – sequer recebeu indenização pelo acidente de trabalho. Desde então, aguardava pela cirurgia na coluna, que apenas recentemente descobriu não mais precisar. Agora, para poder voltar a andar precisa comprar o aparelho ortopédico que ajudará a dar força nos joelhos e auxiliar na mobilidade, orçado em R$ 22 mil. Estas são as cifras que separam o aposentado do sonho de poder voltar a andar.
AMOR PELA MÚSICA
“O que não me deixa baixar a cabeça é meu violão e compor minhas músicas”, confidencia, sempre em tom de otimismo, apesar das dificuldades. Ele conta que todos os dias sente dores e faz delas a inspiração para suas letras, que já renderam 140 músicas compostas por ele. Além disso, é também através do conserto de instrumentos musicais que consegue uma renda extra para se manter, além de ter uma distração no cotidiano.
AÇÃO PARA AJUDAR
Dona Maria, conhecida benzedeira da rua do antigo mercado Correia, no bairro Universitário, é vizinha de Nelson. Sempre que pode, o ajuda. E resolveu abraçar este sonho. Recentemente, tem feito visitas pedindo ajuda, entregando boletos no valor de R$ 25 para as pessoas que queiram ajudar. Uma vaquinha on-line também foi criada para ajudar a arrecadar os recursos. “Não é justo ver uma pessoa estar na cadeira de rodas sendo que ela pode voltar a andar. Eu não vou desistir de ajudar a realizar esse sonho e espero que mais pessoas se interessem por esta causa”, diz, esperançosa. Quem quiser ajudar, basta entrar em contato com dona Maria no telefone (48) 99633-0987.
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