O sinal fecha. Um carro para e a fila começa a se formar na espera pela liberação da cor verde. Antes disso, pelo corredor de veículos, surge alguém. Geralmente com semblante entristecido. Uns pedem. Outros tentam vender algo (pirulitos, talvez). Esta cena tem sido comum pelos semáforos de Tijucas.
O motorista Ezequiel de Lima dos Santos, 34 anos, passa repetidas vezes pela avenida Bayer Filho, no centro da cidade. Por várias vezes foi abordado por pedintes ou vendedores de pirulitos. Mas foi no feriado de 1º de maio que acabou se exaltando com a situação. “Ele bateu no meu vidro e eu falei que não queria comprar o pirulito. Ele me chamou de pobre, respondi que fosse trabalhar. Foi então que me deu um tapa na cara”, recorda Ezequiel.
Depois da agressão, o motorista revidou. “Não fui para a delegacia registrar a ocorrência porque não iria adiantar nada. Resolvi ali mesmo”, conta. Ezequiel diz ser contra colaborar com estas pessoas que ficam pelos semáforos de Tijucas e espera que o poder público tome providências para evitar que outros motoristas sejam acuados. “É um absurdo, Já passou da hora de alguém tentar resolver esta situação”, reclama.
TENTAM RESOLVER
A secretária municipal de Ação Social, Sheila Dias, comenta que tem sido feito trabalho voltado para os moradores de rua. Eles são levados por uma equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), tomam banho, recebem alimentação e ganham passagem para voltar para a cidade de origem. Este trabalho é feito com mais de 20 moradores de rua todos os meses. Na maioria são homens, entre 20 e 50 anos.
“A ajuda só é dada se eles quiserem receber. Não podemos obrigar. A secretaria de Ação Social é garantidora de direitos, não podemos ter uma política higienistas, afinal, são seres humanos. O que eles não podem é violar os direitos de outras pessoas”, explica Sheila. Ela conta que não pode mandar que as pessoas que estão nos semáforos – pedindo ou vendendo algo – saiam de lá. “Não posso obrigar a sair, apenas orientar que é perigoso e oferecer ajuda”, ressalta.
De acordo com a secretária, é importante que seja feito o registro de boletim de ocorrência, caso a pessoa se sinta violada nas abordagens nos semáforos. “Senão registrarem a ocorrência, a polícia não tem o que fazer. E outra orientação importante é que não deem esmola, ao invés disso, indique que venham atrás de ajuda na secretaria. Dar esmola é alimentar o vício!”, conclui Sheila.
ARTISTAS DE RUA
Se para os pedintes ou “vendedores de pirulito” não há legislação que proíba, no município, para os artistas que se apresentam nos semáforos deverá ter uma lei que discipline o trabalho. Foi aprovado na Câmara de Vereadores (e agora aguarda a sanção do prefeito Valério Tomazi) o projeto que regulamenta a apresentação dos artistas de rua. Pelo texto, eles poderão continuar a realizar o trabalho. No entanto, terão de informar, antes, à Diretoria de Trânsito e Transporte (Ditran). Além disso, não poderão permanecer por mais de cinco horas num mesmo dia e nem se apresentarem depois das 18h. Fica proibido, também, o uso de objetos pontiagudos, inflamáveis ou explosivos.
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