Após semanas de arrecadação, era chegado a hora de colocar as inúmeros presentes no porta-malas e, rumo a Florianópolis, fazer a entrega dos brinquedos às crianças em tratamento de câncer no hospital infantil. Se nos dias anteriores o medo era o de não conseguir arrecadar presente suficiente para todos, na última segunda-feira pela manhã, o receio dava lugar à apreensão de não saber como os pequenos reagiriam com a ida do Papai Noel até o hospital.
Pouco depois das sete da manhã, embarco no carro com o pequeno João Pedro – de 7 anos, que liderou a campanha de arrecadação e que também faz o tratamento no hospital infantil, onde meses antes passou 32 dias internado – e também com os pais, Marluci e Zenir. A família Noel, vinda de Canelinha (Márcio, Ebe e Sofia) vão em outro carro. Pelo caminho, o caótico trânsito para se chegar à Capital. As paradas fazem com que João Pedro não se sinta bem. Além do mais, estava com uma forte gripe. Mesmo assim, foi firme para ser ajudante do Papai Noel ao final da campanha que tanto o empolgou. “Um amigo meu falou que eu sou famoso, porque saí no jornal, tenho um canal no Youtube e um monte de gente rezou por mim quando eu estava no hospital”, fala o menino, feliz no trajeto.
Chegando lá, todos os brinquedos foram colocados num canto. As crianças que já estavam por perto, perceberam que não seria um dia comum de tratamento. Espiavam, curiosas. Estavam na expectativa. E quando enfim surge o Papai Noel, tiveram a certeza que era dia de festa no hospital. Tudo para eles! Uns ainda com olhares tímidos, outros com expressão cansada – pelo horário ou pela dura rotina de tratamento –, mas não demoraram para surgirem os sorrisos e brilho nos olhares. Por alguns minutos (esperamos que por muitos) não pensaram em remédio, consultas ou exames. Queriam apenas saber o que o Bom Velhinho havia trazido. Queriam brincar. Os guerreiros precisavam, ao menos por um dia, dar espaço às crianças que são.
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