|
Depois de 30 anos dentro de sala de aula, a professora Lorena de Oliveira Silva iria aproveitar o descanso com a aposentadoria. Tão logo parou, recebeu o convite para assumir a secretaria municipal de Educação, em Tijucas. E aceitou o convite. Segundo ela, motivada por algumas mudanças que gostaria de fazer na pasta, entre elas a reformulação do Plano de Carreira dos professores. Em entrevista ao jornal DAQUI, Lorena também fala sobre as vagas nas creches – que tem sido uma reclamação comum no município.
DAQUI – Há decisão judicial, provocada por denúncia do Ministério Público, para que Tijucas acabe com as filas de espera das creches. Tem previsão para que isso aconteça?
Lorena – Quando eu cheguei na secretaria, nós tínhamos 600 vagas de ensino infantil. Hoje nós temos 1500. Essa duplicação aconteceu por estratégias que montamos, como a ampliação dos espaços físicos e a adequação do ensino de pré-escolar. A falta de vagas é uma situação nacional. Nós já tivemos a satisfação de ter períodos em que a fila de espera estava zerada. Porém, em Tijucas, há uma necessidade de período integral. Quando uma criança ocupa uma vaga integral (dia inteiro) ela está ocupando duas. Se a gente for atender todas as pessoas da maneira como há necessidade, o município não tem condições de sustentar todas estas vagas, atualmente. Mas temos várias estratégias para aumento de vagas para 2016 e também para 2015. Acredito que num futuro próximo consigamos amenizar a situação.
DAQUI – A creche da rua Bem-te-vi está com as obras paralisadas. Mesmo assim, em requerimento à Câmara de Vereadores, a senhora informou que os trabalhos estavam em andamento. Afinal, como a secretaria tem acompanhado os encaminhamentos para que esta creche seja concluída?
Lorena – Essa creche foi licitada em 2013 e empresas de todos os lugares vieram. A vencedora foi de Curitiba/PR. Essa empresa teve um período paralisada, nós notificamos, depois ela retomou. Tanto que, quando fui responder o ofício para a Câmara, a empresa estava tocando. Não estava a todo vapor, mas estavam trabalhando. Eles querem um aditivo de valor e que nossos engenheiros não concordam com o valor que eles estão pedindo. Agora o contrato está rescindido com esta empresa, isso na segunda quinzena de abril. Está sendo chamado, agora, as próximas empresas da licitação para que façam pelo mesmo valor. Eu quero acreditar que vamos ter o término dessa obra tão sonhada. Além dessa obra, temos outras que não estão vindo os recursos do governo federal. Obras que não estão prosseguindo em função da falta do recurso que não está chegando, mas não é o caso da creche da Bem-te-vi.
DAQUI – Com relação ao Plano de Carreira, como chegar a uma equação que seja justa para os cofres públicos e para os servidores?
Lorena – O Plano de Carreira é uma das razões que me faz ser secretária de Educação. Quero poder fazer um plano que valorize o profissional da Educação. O último Plano de Carreira que foi feito no município de Tijucas foi em 1991. Isso não vem se arrastando de agora, é de bastante tempo. A lei que dá o amparo para os professores e funcionários da Educação também é de 1991 e está totalmente fora do contexto. Naquele tempo não tinha a educação infantil como básica. Porque é muito importante lembrar que educação infantil não é para cuidar da criança para a mãe ir trabalhar. As pessoas ainda acham que tem que dar vaga porque têm que ir trabalhar. Todos têm direito a uma vaga na creche. É educação básica. Voltando ao estatuto do magistério, nós reunimos um grupo de servidores, contratamos uma empresa para nos assessorar e não corrermos o risco de estar fora das legalidades. Hoje já temos uma minuta pronta, aprovada pelo grupo de professores. Agora temos que verificar se essa proposta cabe dentro da nossa arrecadação. Temos que ver o impacto do novo Plano de Carreira dentro da folha de pagamento. Quando eu conseguir concluir isso, já vou ter concretizado grande parte da missão que me fez vir para a secretaria.
DAQUI – Há algum projeto que a senhora tenha entrado com o objetivo de realizar na Educação e que ainda não tenha conseguido?
Lorena – Eu acreditava que tem algumas coisas que são possíveis fazer pela Educação. E por isso aceitei o desafio. Dentre elas, a reformulação do Plano de Carreira dos professores. Também o cumprimento da hora-atividade, que está sendo um desafio. Este ano de 2015 estamos com um projeto para trabalhar a cidadania nas diferentes linguagens, que tem por objetivo trabalhar valores e bons costumes com nossas crianças do pré-escolar ao quinto ano. Vão ter professores para trabalhar artes, filosofia, raciocínio lógico, literatura e educação ambiental. Deste projeto, vai sair o cumprimento da hora-atividade. Enquanto os professores do projeto estão trabalhando com as crianças, o professor regente vai poder planejar, organizar e ordenar suas aulas. Começou esta semana. É um projeto piloto. Mas estou bem faceira, doida para ver ele um pouco mais na frente. Depois que este projeto estiver alinhado, vamos começar um com as professoras de creche, que também têm direito à hora-atividade. Penso que estamos caminhando. Mas nada se consegue com uma varinha de condão. É construído aos poucos. Eu pensei que em dois anos na secretaria, já poderia ir embora. Mas não deu. Porque eu estou pronta para ir embora a qualquer tempo, graças a Deus estou desprendida. Eu, pessoalmente, não tenho o que me segure aqui. Só que tem umas coisas que eu sonho, que eu acredito, e enquanto eu não consigo, não largo. Mas, a hora que for minha vez de ir embora, estou prontinha.
|
