A história de maternidade da professora Márcia Regina da Silva Martins é dividida em três partes. Primeiro, os anos de luta e sonhos para ser mãe. Depois, a adoção do primeiro filho, quando ela já tinha 36 anos. E, agora, aos 42 anos, o nascimento do filho biológico. “Amor é muito pouco para definir o que é ser mãe”, resume.
Márcia é casada há 25 anos. No trabalho, sempre teve contato com as crianças. Antes de pensar em filhos, queria ter uma boa estrutura profissional e financeira. Quando decidiu que estava pronta para engravidar, não conseguia. Chegou a acreditar que o motivo era um acidente, que sofreu quando tinha sete anos (em que perdeu um rim, o baço e teve um deslocamento na bacia). Resolveu entrar para a fila de adoção.
“É como uma gestação normal. A ansiedade é a mesma. A diferença é que, ao contrário da gravidez, que demora nove meses, não há tempo determinado para quando o seu filho vai chegar”, compara Márcia. Ela esperou por dois anos, até que recebeu o chamado do “nascimento” de Gabriel. “Quando cheguei lá, ele estava deitadinho na cama. Quando me aproximei, ele me olhou. Naquele momento o Gabriel me escolheu como mãe”, conta, emocionada.
Hoje Gabriel já tem seis anos. Depois que o adotou, Márcia conta que chegou a ter muita esperança de engravidar. Já tinha ouvido muitos relatos de mulheres que engravidaram depois que adotaram. Mas o tempo foi aniquilando a esperança. Estava decidida a voltar para a lista de adoção. E, ano passado, aos 42 anos, teve de interromper a ideia. Descobriu que estava grávida. “Fiz vários exames. Não acreditava que fosse possível, dizia para os médicos que eles estavam errados, que eu teria qualquer coisa, menos um bebê. Eu não queria me iludir. Era melhor negar do que admitir e depois sofrer caso não fosse”, recorda. Pedro já estava ali. E nasceu há dois meses.
MORRE DE AMORES
Cada vez que tenta definir o amor pelos filhos, as lágrimas teimam em rolar pelo rosto de Márcia. Passou uma vida sonhando com a maternidade e, depois de tantos anos, conseguiu a família que tanto idealizou. “Deus faz as coisas muito perfeitas. Se eu tivesse engravidado no instante que queria, o Gabriel não estaria comigo. Hoje eu sei que foi o amor que sinto por ele que me fez ser, agora, mãe do Pedro. Lá de cima Deus viu que eu merecia ter mais um filho!”, acredita. Agora, até o fim do ano, Márcia não pretende voltar ao trabalho. “Este ano, sou só mãe!”.
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