Faz menos de dois meses que Jean Carlos de Sieno dos Santos (PSC) trocou a cadeira na Câmara de Vereadores pelo comando da secretaria municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Tijucas. Em entrevista ao jornal DAQUI, ele fala sobre a situação das empresas na cidade – e alerta para o fechamento de muitas delas (as menores, geralmente) devido ao cenário econômico nacional.
DAQUI – Como foi o desafio de aceitar trocar a cadeira no Legislativo pelo comando da secretaria de Indústria, Comércio e Turismo? Qual a principal motivação para essa mudança?
Jean – O que motivou a mudança foi uma necessidade do próprio Executivo, que estava precisando de uma cara nova para a secretaria. Para mim foi uma surpresa, como para os meus pares da Câmara, porque o PMDB tem um corpo muito grande de vereadores e eu não sou do PMDB. Mas o prefeito fez a proposta e eu prontamente aceitei. Quando fui eleito, fui eleito para trabalhar pelo município, independente de onde fosse. E a gente vê que hoje a secretaria de Indústria e Comércio – apesar de ela ter o Turismo, nós não somos uma cidade turística – precisa auxiliar a comunidade. As empresas estão, cada dia mais, fechando as portas e nós precisamos qualificar estas pessoas que estão abandonadas por conta do fechamento das empresas. Este é o nosso compromisso. Tiramos o Sine de uma estrutura antiga, que não era mais viável e com o aluguel bem dispendioso para a administração. Hoje estamos numa sede do próprio município.
DAQUI – A segurança tem sido um ponto que, recentemente, é muito questionado na cidade. Como a sua secretaria tem feito para que, apesar da sensação de insegurança, novas empresas se encorajem a se instalarem no município?
Jean – Nos idos de 1980, a Polícia Militar tinha um efetivo entre 60 e 70 policiais, sendo que o município não tinha 19 mil habitantes. Hoje estamos próximos de 40 mil habitantes e, salvo engano, devemos ter 32 policiais. Precisamos de maior investimento do governo do Estado, porque ele que forma e capacita os policiais. Nos últimos dois cursos de formação, Tijucas não foi prestigiada com nenhum policial. A cidade está crescendo e o efetivo policial está diminuindo. O município poderia, sim, ter uma guarda municipal para auxiliar na vigilância, mas ainda não fez. Poderíamos ter guarda de trânsito? Poderíamos. Seria excelente se tivéssemos estes dois para auxiliar a polícia. Precisaríamos de uns 70 policiais para termos uma sensação de segurança diferente da que temos hoje.
DAQUI – Muito se falou, desde o início do ano, sobre uma crise econômica nacional. Até agora, a indústria e comércio de Tijucas tem sentido esta crise?
Jean – Estou há 40 dias na secretaria e nossa primeira preocupação foi mudar a estrutura do Sine, para garantir o atendimento de qualidade, capacitamos os funcionários e agora estamos trabalhando na captação de talentos. Antes de aceitar o desafio, o prefeito Valério Tomazi perguntou como eu agiria nesse tempo. Falei que precisava de 30 dias para fazer um raio-x da pasta. E nestes 30 dias visitei bastante empresários. Uma empresa de sistema de informação perdeu, no primeiro trimestre, 40 empresas. Fecharam por falta de capacidade produtiva. Se estamos sentindo a crise? Muito! Principalmente no Sine, que está com uma demanda diária de 40 a 50 pessoas por dia. Estamos, agora, visitando as empresas maiores, que vão ser as sobreviventes, ver qual o perfil dos funcionários que elas precisam para ir buscar os cursos de qualificação para estas pessoas que estão fora do mercado de trabalho, para que possamos realocar.
DAQUI – Antes de secretário, o senhor é também uma figura política. Antes de acabar este mandato, pensa em retornar para a Câmara de Vereadores? Quais os planos para a próxima eleição?
Jean – A proposta do prefeito Valério é que eu ficasse até março do ano que vem na secretaria, que é o prazo limítrofe para que eu possa retornar à vereança, pela legislação eleitoral. Mas fiz a contraproposta de ficar 90 dias – 30 dias para montar a nova estrutura do Sine, 30 dias para fazer o garimpo de talentos, e num terceiro momento fazer um evento. Vamos apresentar Tijucas na feira internacional do mar. [Vai ficar até março ou ficar 90 dias?] Ainda está indefinido. Depois da feira vamos voltar a conversar. Qualquer empresa, 90 dias é o período de experiência. E esta foi minha proposta ao prefeito.
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