Ela teria nascido Lídia de Oliveira, em 28 de março de 1986
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA
Aos 32 anos de idade, morando nos Estados Unidos e sem saber falar nada de português, Ciara Howard sonha com o dia em que conhecerá a família biológica. Pelos papeis que encontrou sobre sua adoção, sabe informações que espera ajudarem a localizar os pais no Brasil: nasceu em 28 de março de 1986, supostamente no hospital Monsenhor José Locks, em São João Batista. Teria sido chamada, aqui, de Lídia de Oliveira e seria filha de Maria de Oliveira, de Balneário Camboriú. Foi tudo que conseguiu descobrir ao longo destas décadas. Mesmo assim, teme que os dados sejam falsos.
Ciara nasceu numa época em que, por aqui, aconteceu um escândalo envolvendo quadrilhas que enganavam mães para pegarem as crianças e venderem para pais adotivos em outros países: principalmente Israel, Estados Unidos e Europa. O esquema foi descoberto pelo fim da década de 1980. Mas, até hoje, muitos filhos procuram pelos pais biológicos. E pais sonham em descobrir o paradeiro dos filhos levados para fora do Brasil. Ela não sabe se faz parte desta estatística de vítimas desta quadrilha.
“Não tenho certeza se realmente nasci em São João Batista, no entanto, meu certificado de nascimento diz que nasci lá. A razão pela qual não tenho certeza é porque, durante esse período, ouvi que muitas adoções foram falsificadas”, comenta, temendo que a pouca informação que tenha sequer seja verdadeira.
Chiara não lembra exatamente quando soube que era adotiva. Mas era algo que, para ela, era visível. “Eu não pareço nada com meus pais americanos. Além disso, meus pais adotaram uma irmãzinha para mim do Peru. Minha irmã adotiva é dois anos mais nova que eu. Meus pais pediram ao mesmo advogado no Brasil que conseguissem outro bebê, depois que me pegaram, mas disseram que havia muitos problemas com adoções brasileiras na época e que tentassem outro país”, conta.
Quando foi adotada, Ciara se naturalizou no estado da Califórnia. Mas, atualmente, vive no Texas, onde estuda Desenvolvimento de Recursos Humanos. É casada e tem um negócio próprio, voltado para massagem e estética. “Eu trabalho principalmente com pessoas em recuperação de câncer ou reabilitação após a cirurgia”, diz, satisfeita com a vida profissional, mas sem conseguir parar de sonhar com o dia em que localizará a família de sangue. “Decidi encontrar minha família biológica porque sempre quis saber se tenho irmãos no Brasil”, confidencia, esperançosa.
TEM INFORMAÇÕES?
Apesar de não falar nada de português, Ciara garante que dará um jeito de se comunicar com quem tiver informações sobre o paradeiro de sua família biológica. O e-mail para contato é [email protected]
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