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30 de Março de 2018 - 14:49:44

O primeiro choro aos três meses de vida

Luiz Fernando pode ficar com várias sequelas por não ter nascido no momento em que chegou à maternidade de Tijucas
 
 
O primeiro choro aos três meses de vida
Menino precisa se alimentar por uma sonda gástrica e não enxerga 
 
CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA 
 
Às vésperas de completar três meses de vida, o pequeno Luiz Fernando emitiu, pela primeira vez, um som: chorou. Isto foi há uma semana. Um choro comemorado pelos pais. Com ajuda de remédios e acompanhamento médico, o menino luta para eliminar sequelas no cérebro, que teriam sido ocasionadas pela demora no atendimento na maternidade de Tijucas.  
A diarista Jocielen da Silva Maia, 30 anos, teve duas filhas de cesárea. Estava grávida do terceiro, Luiz Fernando. Estava de oito meses quando, às 3h da manhã do dia 31 de dezembro, sentiu dores. Percebeu que a bolsa havia estourado. Sem ter como ir ao hospital, chamou os bombeiros, que a levaram até a maternidade Chiquinha Gallotti, em Tijucas. “Disseram que não tinham mais atendimento ali e que tinham que me levar para Florianópolis para ter meu filho. Me colocaram na ambulância junto com uma equipe, para caso acontecesse de precisar fazer o parto no meio do caminho”, lembra. 
As dores eram intensas. E só aumentavam durante o percurso para a maternidade Carmela Dutra, na capital do estado. “Ele estava para nascer. Mas ao invés de me ajudar na ambulância, eles fechavam minha perna. E ficavam repetindo: ‘respira, mãe!’. Mas não tinha como, a dor era muito grande”, recorda. Cerca de duas horas depois, desde a chegada ao hospital em Tijucas, Jocielen chegou no Carmela Dutra. Diz que estava prestes a desmaiar. “Eu já estava me passando. Não deu tempo de fazer cesárea, ele já estava saindo. Só depois eu soube das complicações”, conta a mãe.  
Jocielen diz que o menino nasceu com uma coloração completamente escura, devido à parada cardiorrespiratória, além de ter engolido água no parto e der faltado oxigênio no cérebro. “Eles ficaram com ele, tentando reanimar. Quando parecia que estavam desistindo, meu filho reviveu. Tudo isso por causa da demora. Se ele tivesse nascido quando eu fui para o hospital de Tijucas, nada disso teria acontecido”, acredita. 
 
FICARAM SEQUELAS 
Luiz Fernando toma medicamentos fortes, tem acompanhamento com neurologista, mas ainda não sabe quais sequelas serão definitivas. Enquanto isso, os pais se agarram na esperança de que ele irá se recuperar o máximo possível. Hoje, se alimenta por uma sonda que leva o leite direto para o estômago, além de não enxergar. “Eles destruíram a vida do meu filho e a nossa.
Eu nunca tive convivência com uma criança especial, está sendo tudo novo para mim”, ressalta Jocielen. Há poucos dias em casa, o menino ficou 20 dias na UTI, além de outros 20 dias no berçário do hospital. 
 
PRECISAM DE AJUDA 
Não bastasse tudo isso, a família passa por necessidades. Por vezes, falta o básico: como comida e roupas. Jocielen não consegue voltar a fazer faxina fora enquanto o filho depende dela todo o tempo. O marido foi demitido do trabalho, por conta das vezes que precisava deixar a empresa para cuidar do filho no hospital ou os acompanhar nas consultas e exames.  
Eles estão morando com a avó do bebê, na rua Capitão Amorim, 1131, no bairro Praça. Dia desses, quando a temperatura estava mais fria, por falta de roupa de inverno, as filhas do casal – uma de 6 e outra de 8 anos – não puderam ir para a escola. “Nós precisamos de todo tipo de ajuda, até mesmo com cesta básica. Eu esperava uma criança saudável e aconteceu isto. Se com dinheiro já seria difícil, imagina sem nada”, apela a mãe, por ajuda à família.  
 
Em outro caso, avó diz que vai para a justiça  
O pequeno Lorenzo tem sido acompanhado por neurologista, ainda sem saber quais sequelas poderá ter pela demora no atendimento  
 
Lucélia reúne documentos para entrar com ação contra o hospital 
 
Se o parto já pode ser assustador para uma adolescente de apenas 14 anos, imagina quando o atendimento é negado e começa um jogo de ‘empurra’ que pode colocar em risco a vida de mãe e filho. Foi o que aconteceu com a nora de Lucélia Ribeiro Muniz. No último dia 16 de março, ao perceber que a bolsa estourou, foi levada para o hospital de Tijucas. Era por volta das 16h30. Mas o pequeno Lorenzo só veio ao mundo cinco horas depois, às 21h30, em Florianópolis.  
“Além do rompimento, ela chegou com sangramento. Disseram que não atendiam mais. Pedimos pelo menos que chamassem uma ambulância. Nos mandaram para casa e que chamássemos os bombeiros”, lembra Lucélia, que acompanhava a nora de 14 anos. Assim fizeram. No entanto, os bombeiros levaram novamente para o hospital de Tijucas. “A médica disse que não era a hora ainda e esperaram os bombeiros saírem para nos mandar embora de novo, dizendo para nós levarmos ela para Florianópolis com carro próprio”, conta. 
Lucélia então fez contato com uma conhecida da secretaria municipal de Saúde, que conseguiu uma ambulância para fazer o trajeto. Fizeram o encaminhamento para a maternidade Carmela Dutra. “Foram cinco horas nestas idas e vindas. Ela ensopou cinco toalhas de sangue, teve um deslocamento de placenta. Estavam os dois em risco, mãe e filho. A médica lá falou que se demorássemos mais quatro minutos, nenhum dos dois sobreviveria”, ressalta.  
Lorenzo teve falta de oxigênio no cérebro, ficou na UTI, teve convulsões. Agora toma remédios e começou acompanhamento com neurologista, que ainda não sabe quais sequelas o menino pode ter no futuro. “Pode retardar no falar, no caminhar... Só o tempo vai dizer. Nós vamos procurar que o hospital seja responsabilizado judicialmente para que isso não aconteça com mais ninguém. Será que, para eles, a mulher grávida e o bebê não tem valor?”, indaga a avó.
 

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